Centro de reciclagem da Itautec em Jundiaí (SP). Logística reversa também prevê que fabricantes de eletroeletrônicos recolha os resíduos pós-consumo. Foto:msilvaonline
Seis entre 10 empresas no Brasil consideram que atender as exigências legais é a principal motivação para aplicar a logística reversa, um dos principais mecanismos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que prevê o recolhimento e descarte pelo fabricante dos resíduos pós-consumo (pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos, embalagens, pneus e agrotóxicos para reciclagem).
A conclusão conta em levantamento do Instituto Ilos divulgado na quarta-feira, 22 de agosto, no Rio de Janeiro.
A consciência ambiental e social foi o segundo fator mais apontado pelas empresas (47%) para a implantação da logística reversa. O levantamento também destaca que, embora alguns resíduos possam ser reutilizados na produção, apenas 21% dos entrevistados são fortemente motivados pela redução dos custos, enquanto 17% são impulsionados pela aumento de receita.
Leroy Merlin disponibiliza ponto de recolhimento de lâmpadas fluorescentes em São Caetano do Sul (SP). Foto:Divulgação
De acordo com a pesquisa, apenas 23% das empresas nacionais têm iniciativas de coleta usando o consumidor para levar o resíduo ao ponto de entrega. Entre as companhias com esse tipo de iniciativa, mais da metade oferece algum incentivo ao consumidor para levar o resíduo a um ponto de coleta. Na maior parte das ações (42%), os resíduos devem ser entregues em pontos de venda do varejo, enquanto em 27% dos casos, os pontos de coleta são instalados na própria empresa.
A questão geográfica está entre os principais obstáculos apontados pelas empresas para investirem na logística reversa. Elas alegam que, como o consumidor está espalhado pelo país, isso dificulta um pouco a operação e eleva custos, em razão da baixa escala de transporte.
A necessidade de instalação de pontos para a coleta dos resíduos foi apontada como barreira por 53% das companhias consultadas. Para 45%, falta mais apoio governamental para a coleta seletiva.
A consultora do Instituto Ilus, Gisela Sousa, informou ao EcoD que a pesquisa ouviu ao todo 101 empresas, situadas entre as 1.000 maiores do país. "Optamos por manter o sigilo quanto aos nomes dessas organizações para que elas se sentissem mais a vontade para fornecer as respostas", explicou a responsável pelo levantamento.
Outros pontos de destaque no estudo:
- Para 39% das empresas consultadas, a maior motivação para implantar a logística reversa consiste em elevar o prestígio da marca e sua imagem com clientes;
- Já para 32%, o principal fator é atender a demanda de ambientalistas;
- Menos de 40% das indústrias do país possuem área específica para a logística reversa. Desse total, 60% estão pouco ou muito pouco dispostas a desenvolver essa área;
- Cerca de 70% das consultadas querem gastar, “no máximo”, R$ 400 mil por ano para fazer uma operação de logística reversa.
Entenda a Logística Reversa
A gestão obrigatória de resíduos pós-consumo é um dos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010, e que estabelece a responsabilidade compartilhada entre governo, indústria, comércio e consumidor final pelo ciclo de vida do produto.
Pela lei, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem estruturar e implantar sistemas de logística reversa para o retorno de produtos e embalagens do consumidor, respeitando as características dos itens a ser descartados.
Os detalhamentos da implementação das medidas de logística reversa serão definidos nos editais previstos para serem publicados entre novembro e dezembro próximos, a partir da assinatura dos acordos setoriais com o governo.
Leia o EcoD Básico sobre logística reversa
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!