A ativista indiana Vandana Shiva é uma das principais atrações do evento
Foto: Cintia Barenho
Por Agência Brasil
Incentivar a agricultura familiar, diminuindo sua dependência em relação às grandes corporações do setor, valorizar o papel da mulher no campo e garantir o diálogo entre o pequeno produtor e o meio acadêmico são temas discutidos no 3º Encontro Internacional de Agroecologia, realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, a 250 quilômetros da capital paulista.
O evento busca promover um debate pluralizado, que envolverá de renomados cientistas a agricultores de baixa renda. “A participação dos agricultores na construção do conhecimento científico, não pode ser isolada. Depende de uma integração do saber dos agricultores, que conhecem muito bem o seu sistema de produção, e os cientistas que estão estudando isso. Precisa haver um diálogo melhor entre o conhecimento popular e o científico”, destaca Rodrigo Machado Macedo, professor da Unesp e um dos coordenadores da conferência.
O encontro, que começou na quarta-feira, 31 de julho, e termina no sábado, 3 de agosto, tem entre as presenças mais aguardadas a da ativista indiana Vandana Shiva. De acordo com o professor Macedo, ela mostrará seu largo conhecimento científico para sustentar sua posição que é contrária à apropriação que o grande capital faz das sementes. “Ela tem muito argumento para desconstruir a ideia de que a gente precisa das grandes corporações transnacionais de sementes e venenos agrícolas para matar a fome do mundo”, adianta ele.
Segundo Macedo, Vandana critica duramente a ideia de que seis ou sete empresas no mundo são capazes de controlar os grandes elos da cadeia de produção agrícola. Respeitada pela sua militância histórica, na década de 70 ela participou do movimento Mulheres de Chipko, que amarravam-se a árvores para impedir que fossem derrubadas e para protestar contra o despejo de lixo atômico. Em 1993, recebeu o Right Livelihood Award, uma versão alternativa do Prêmio Nobel da Paz.
Um dos princípios de Vandana é também defender a participação e os diretos da mulher no campo. “Isso é importantíssimo para nós e está sendo bastante debatido no evento”, ressalta o professor.
Além disso, apesar de 85% do total de agricultores do país serem familiares, eles ocupam apenas 25% do território nacional e consomem apenas 25% do crédito disponível. Alguns alimentos, como é o caso da mandioca, são produzidos majoritariamente pela agricultura familiar, que chega a produzir, nesses casos, 80% desse tipo de produto.
A programação completa pode ser consultada no site do evento.
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