China, Índia, Coreia do Sul e Rússia devem puxar tendência de alta. Foto: cal_gecko
A capacidade nuclear mundial deve crescer de 44% a 99% até 2035, segundo relatório divulgado na quinta-feira, 26 de julho, pela Agência Internacional de Energia Nuclear (Aiea), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Até mesmo a Ásia deve ampliar fortemente seu parque nuclear, apesar do acidente de março de 2011 na usina japonesa de Fukushima, pelo fato de essa fonte energética não ser emissora de carbono. No continente asiático, a capacidade nuclear deve crescer entre 125% e 185% até 2035. China, Índia, Coreia do Sul e Rússia devem puxar essa tendência, de acordo com o relatório.
Na edição anterior, de 2010, a previsão era de uma expansão mundial entre 37% e 110%. O relatório, conhecido como Livro Vermelho, aborda especificamente o urânio, do ponto de vista dos recursos, da produção e da demanda.
"Vemos (o acidente) como um redutor de velocidade", afirmou Gary Dyck, diretor de materiais e ciclo do combustível nuclear da Aiea. "Ainda esperamos um enorme crescimento na China", destacou.
Depois do terremoto e do tsunami, o Japão desativou temporariamente seus 50 reatores nucleares. Na Europa, a Alemanha decidiu abandonar até 2022 o uso dessas usinas. Outros países também passaram a ver essa matriz energética com desconfiança. No Brasil, projeto no Senado pretende suspender a construção de usinas nucleares por 30 anos.
Valor do urânio
O estudo também diz que o setor de mineração deve ser capaz de suprir a crescente demanda mundial por urânio, desde que continue recebendo investimentos. Em 2009 e 2010, foram gastos mais de R$ 4 bilhões em prospecção e desenvolvimento de minas, o que permitiu um aumento de 12,5% nos recursos existentes.
A partir de 2013, as usinas nucleares vão depender ainda mais da extração de urânio do solo, já que terminará um contrato da Rússia para abastecer os EUA com urânio retirado de armas desativadas. Muitos investidores preveem uma alta no preço do urânio por causa disso.
Mas Robert Vance, funcionário da Agência de Energia Nuclear da OCDE, ressaltou que outras fontes secundárias de urânio podem ser desenvolvidas. "Continua havendo uma quantidade significativa de urânio previamente extraído (...), parte dele poderia ser colocada no mercado de maneira controlada e viável", diz o relatório.
O urânio, que era cotado a R$ 140 por peso em libra depois do acidente de Fukushima, está atualmente ligeiramente acima dos R$ 100 por peso em libra.
Com informações da AFP e do Daily Mail.
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