Zerar o desmatamento ilegal até 2030 foi uma das metas já sinalizadas
Foto: Eduardo Santos
Coordenador de estudo técnico que ofereceu várias opções para a proposta brasileira na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), que ocorrerá a partir de 30 de novembro, em Paris, o professor Emílio La Rovere, admitiu que a posição do país poderá se mostrar mais audaciosa até o prazo final de 1º de outubro.
Professor de Planejamento Energético do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), La Rovere participou na segunda-feira, 24 de agosto, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, de debate sobre a posição do Brasil na COP21. A proposta brasileira está sendo discutida no governo, após receber contribuições da sociedade civil organizada, de governos estaduais e prefeituras. A palavra final será dada pela presidente Dilma Rousseff.
O professor da Coppe afirma que o próprio governo já deu sinais do que será a proposta brasileira nas declarações conjuntas firmadas com a China, Estados Unidos e Alemanha. O ponto mais importante, segundo ele, é o compromisso de ter, até 2100, emissões zeradas de gases de efeito estufa (GEE). Visando a atenuar os efeitos do aquecimento global, foi definido que, se até o final deste século houver emissões, elas serão compensadas pelo plantio de árvores, “que é necessário para fazer a temperatura parar de subir”.
Como as discussões em Paris estão voltadas mais para 2030, o Brasil já sinalizou que, até lá, pretende zerar o desmatamento ilegal; recuperar 12 milhões de hectares de florestas desmatadas; e elevar a participação das energias renováveis no total da energia gerada no país, excetuando a energia hidrelétrica, de 28% para 33%. Na parte de consumo de eletricidade, La Rovere destaca que o compromisso do governo brasileiro é dobrar a participação atual das fontes renováveis, excetuando hidrelétrica, de 9,5% para até 20%, até 2030.
Tipo de oferta
Até 1º de outubro, será discutido como vai ser a oferta de redução de emissões do Brasil, se ele apresentará um número absoluto sobre isso e quais são as condições que o país pedirá de contrapartida, como, por exemplo, financiamento em condições privilegiadas para poder cortar essas emissões.
O potencial de recursos naturais renováveis dá ao Brasil possibilidade de ser mais audacioso em sua proposta final na COP21 e se tornar um líder, afirma La Rovere. Com essa liderança, diz ele, o Brasil pode, inclusive, ampliar sua competitividade e ele espera que haja um anúncio até “1º de outubro, que vá além do anunciado até agora”.
Na defensiva
Na avaliação do economista e presidente da Câmara Técnica de Sustentabilidade da Prefeitura do Rio de Janeiro, Sérgio Besserman, a proposta brasileira para a COP21 “não faz feio”, mas é “medrosa”. A seu ver, ela poderia ser mais “audaciosa, sem custo e sem atrapalhar o desenvolvimento econômico e social”. Besserman diz que o Brasil está muito na defensiva, embora esteja cumprindo o “dever de casa” com sucesso. “Já é um avanço. Vamos chegar lá (na COP21) bem, do ponto de vista do desmatamento na Amazônia, que se reduziu bastante.”
O ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado estadual (PT-RJ) Carlos Minc considera a proposta brasileira boa. Minc destaca, ainda, a unanimidade dos debatedores em relação a pontos em que o Brasil ainda pode avançar. O corte do subsídio à energia fóssil (gasolina e diesel) é um deles. Na opinião de Minc, outro ponto de consenso é o replantio, o que demandará “política específica, com apoio, terras e tecnologia”. O país deve dar ênfase também ao transporte metroviário e ferroviário e à política de resíduos, transformando o metano dos lixões em energia renovável.
(Por Alana Gandra, da Agência Brasil)
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