A doença, associada ao sobrepeso, é mais comum em países desenvolvidos com uma incidência três vezes maior que em nações em desenvolvimento
Foto: Tony Alter
Um estudo da Agência sobre Pesquisa de Câncer revela que o excesso de peso pode estar associado a quase 500 mil novos casos de câncer por ano. A agência pertence à Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados da pesquisa foram divulgados nesta quarta-feira, 26 de novembro, na revista especializada The Lancet Oncologia. Em 2012, 481 mil novos casos da doença foram diagnosticados e o maior fator de risco eram exatamente o sobrepreso e a obesidade tipo 2.
Antes da divulgação do documento, a Rádio ONU ouviu o especialista do Instituto Nacional do Câncer do Brasil (Inca). Em Roma, Fábio Gomes explicou a importância de ações públicas para conscientizar consumidores sobre a relação entre alimentação e câncer.
"O que falta muito, principalmente eu acho que no Brasil, é avançar em políticas públicas que deem condições para as pessoas modificarem os seus modos de vida, consumirem alimentos mais saudáveis e estarem protegidas por exemplo da influência da publicidade, da oferta de produtos ultra processados que vão promover uma série de doenças crônicas não-transmissíveis, incluindo o câncer."
Leste europeu
De acordo com o estudo, na Europa, a proporção de tipos de câncer ligados à obesidade é grande especialmente no leste do continente. Ali, foram registradas 65 mil notificações, ou seja 6,5% de todos os novos casos.
A doença, associada ao sobrepeso, é mais comum em países desenvolvidos com uma incidência três vezes maior que em nações em desenvolvimento. Já a América do Norte continua sendo a região mais afetada por câncer ligado ao sobrepeso. Foram 111 mil casos em 2012, o equivalente a 23% de todas as notificações do mundo.
Homens e mulheres
De acordo com a pesquisa, entre os países com o maior número de casos de câncer em homens estão: República Tcheca, Jordânia, Reino Unido e Malta.
Nas nações asiáticas, a proporção de câncer associado à obesidade é pequena, se comparada a outras regiões populosas do mundo. Na China, por exemplo, foram registradas cerca de 50 mil ocorrências em mulheres e homens, o que representa 1,6% dos novos casos no país. O número equivale um ponto percentual a mais que na África, onde a incidência mantém-se baixa.
O estudo da OMS lembra que as mulheres são as maiores vítimas. Elas concentram 5,3% dos casos enquanto os homens apenas 1,9%.
Câncer após menopausa
O sobrepeso é um fator de risco também para câncer de esôfago, colo do útero, rins, pâncreas, ovários e outros. O excesso de peso é ainda a causa de doenças crônicas, problemas cardiovasculares e diabetes.
A médica Melina Arnold lembrou que o câncer de mama, que ocorre após a menopausa, é o tipo mais comum em todo o mundo. Cerca de 10% desses casos poderiam ser evitados se a mulher tivesse um peso saudável.
A pesquisa conclui que a redução do sobrepeso e da obesidade pode levar a benefícios importantes para a população e a uma vida prolongada.
(Por Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU)
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