Vista aérea de plantação de cana de açúcar em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: Fernando Stankuns
O Brasil exportou, até julho deste ano, mais de 1 bilhão de litros de etanol, resultado 27% superior ao mesmo período de 2011, marca que não era atingida desde 2009. Os números refletem o bom cenário externo para os produtores brasileiros, depois de um longo período de queda iniciado em 2008. A seca norte-americana e a retomada do preço no mercado internacional também traçam boas perspectivas para os usineiros nacionais.
Segundo informações do jornal Brasil Econômico, a estiagem nos Estados Unidos já promoveu uma quebra da safra de milho de 20% a 25% e abriu espaço para o combustível brasileiro. Produtores locais comemoram. "Embora seja pequena a quantidade de etanol que temos disponível para negociar, a seca lá está ajudando muito as vendas. A balança comercial do setor voltou a ficar positiva", destacou Martinho Ono, diretor da SCA Etanol do Brasil.
Por aqui, enquanto que o biocombustível sofre com o subsídio fornecido pelo governo federal à gasolina - redução de impostos e controle de preços pela estatal Petrobras, nos Estados Unidos o preço é feito pelo mercado, o que tornou o produto brasileiro essencial para abastecer postos da costa leste daquele país. Atualmente, no mundo, apenas o Brasil exporta o etanol anidro, utilizado nos veículos norte-americanos.
Ainda de acordo com a matéria do Brasil Econômico, os brasileiros aproveitam também a oportunidade criada pelo clima para mandar um recado para o governo nacional. Segundo eles, há espaço no mercado externo para o produto do Brasil, e, caso não sejam adotadas políticas a favor do consumo de etanol no país, a próxima safra pode ser voltada à exportação e à produção de açúcar, o que já foi visto em 2011.
Foco no exterior
"Hoje, as empresas estrangeiras já são mais da metade das usinas em funcionamento no país. Elas trabalham com o conceito de rentabilidade. O consumo brasileiro pode perder importância para o produtor nos próximos anos", alertou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O consultor adiciona a informação de que o Japão pode intensificar as compras de etanol em 2013, após adotar um programa de biocombustíveis.
No último ano, a Petrobras já se viu obrigada a importar etanol dos Estados Unidos, uma vez que mais de 90% da produção brasileira já estava comprometida. "O governo não pode deixar passar essa oportunidade. Precisa olhar mais atentamente para o álcool combustível", defendeu Castro.
Braços abertos
Uma certificação emitida pelo EPA (Environment Protection Agency - Agência Americana de Proteção Ambiental) ao etanol brasileiro ajuda os usineiros nacionais a explorarem o mercado americano. Após investimentos das companhias para adequar a produção às exigências da agência, o biocombustível nacional está sendo recebido de braços abertos pelos postos locais.
"Os americanos estão pagando acima do valor de mercado para ter o etanol feito a partir da cana-de-açúcar. Isso diminuiu muito a diferença de preços pagos pelo açúcar e pelo etanol", observou Maurício Muruci, analista da consultoria Safras e Mercados.
A remuneração do açúcar está cerca de 30% acima da do combustível, mas isso cai para 15% com os prêmios pagos. Porém, a produção não é tão elástica. São necessários longos investimentos para elevar a produção de etanol para exportação", ressaltou Martinho Ono, da SCA.
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