Polo industrial de ferro gusa, no munícipio de Açailândia (MA).
Foto: Ismar Ingbe/Greenpeace
As indústrias representadas pelo Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão (Sifema) vão ter dois anos para adotar um sistema de monitoramento que garanta que seus fornecedores deixem de produzir carvão com madeira originária de florestas nativas ou que provoque desmate para plantio de eucaliptos. A entidade assinou na quarta-feira, 2 de agosto, um compromisso público com a ONG ambientalista Greenpeace. A assinatura do acordo contou com a presença do vice-governador do Estado, Washington Luiz de Oliveira.
O acordo é feito mais de dois meses depois de o Greenpeace ter realizado um bloqueio a um navio que seria carregado com ferro gusa (que é usado como matéria-prima do aço) no porto de Itaqui, em São Luís. O protesto foi usado para chamar atenção para a origem do carvão usado nas indústrias e durou 11 dias.
Paralelamente ao bloqueio, o Greenpeace divulgou resultados de uma investigação que apontava que carvoarias do Estado produziam carvão com madeira extraída ilegalmente e depois vendiam o produto para as indústrias de ferro gusa no Maranhão, que não verificavam sua origem.
"O compromisso que a indústria de gusa está assumindo aqui não é com o Greenpeace, mas com a sociedade e com seus consumidores. Setores que operam na Amazônia começaram a perceber que o consumidor não tolera mais produtos que causam a destruição da floresta", destacou Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
As siderúrgicas também se comprometeram a quebrar contratos com carvoarias que exploram mão de obra em situação análoga à escravidão ou que fazem uso de madeira oriunda de áreas protegidas.
Boa parte da produção de carvão é artesanal, onde o trabalho costuma ser executado em condições sub-humanas. Um dos principais consumidores do ferro gusa é a indústria automobilística.
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