Coprocessamento elimina completamente os novos passivos ambientais que seriam depositados em aterros
Foto: nebojsa mladjenovic/Flickr/(cc)
A reutilização de pneus para a geração de energia na produção de cimento registra alta no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). O relatório Panorama do Coprocessamento Brasil 2015, produzido pela entidade, mostra que o volume coprocessado em 2014 representa a eliminação de um passivo ambiental de 1,12 milhão de toneladas, incremento de 374% em relação ao ano 2000.
O coprocessamento é utilizado de duas formas no setor. Uma delas corresponde ao uso de pneus descartados e resíduos triturados de diversos setores industriais – borras oleosas, resinas, látex, materiais impróprios para reuso, tecidos e até coco de babaçu – como alternativa sustentável ao uso do coque de petróleo (CVP), combustível não renovável derivado do petróleo. O coque se destina à produção de energia fabril na fabricação do clínquer, uma das principais matérias-primas do cimento e extraído do calcário.
A outra forma de coprocessamento é a substituição do ferro pelo chamado pó de aciaria. Neste caso, o resíduo do processo de siderurgia é usado como matéria-prima na indústria cimenteira, contribuindo para tornar o processo fabril mais ecoeficiente. Nas duas situações, o coprocessamento evita a destinação inadequada de lixo industrial e reduz a emissão de dióxido de carbono (o CO2, conhecido como gás carbônico), um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.
Em 2014, 37 unidades - 62% do parque industrial cimenteiro no Brasil - estavam licenciadas para o coprocessamento de resíduos. Numa avaliação mais detalhada, o relatório da ABCP aponta que os materiais coprocessados com potencial energético, em 2014, representaram 80% do volume total (891 mil toneladas). Enquanto isso, aqueles usados como substitutos de matérias-primas somaram 20% do volume (231 mil toneladas). Entre os resíduos reaproveitados pelo setor, o maior destaque são os pneus, que constituíram 24% (265,5 mil toneladas) no período. Esse volume equivale a 53 milhões de pneus inservíveis retirados do meio ambiente.
Impacto positivo
Juntamente com a contribuição para a gestão e eliminação de resíduos, o coprocessamento tem um outro impacto positivo em termos de sustentabilidade: a substituição térmica, com a redução nas emissões de CO2. Em 2014, a substituição térmica na indústria cimenteira do Brasil obtida graças à solução chegou a 8,1%. Além da contribuição decisiva para a superação de desafios ambientais e urbanos, a tecnologia, ao apostar na destinação correta de pneus, reforça a luta contra o Aedes Aegypti, um dos maiores vilões na epidemia de doenças como dengue, chikungunya e zika.
O meio ambiente agradece. Afinal, além da substituição ao combustível fóssil e matérias-primas na fabricação do cimento, o coprocessamento elimina completamente os novos passivos ambientais que seriam depositados em aterros.
Lei própria
Há pouco mais de 25 anos, a tecnologia passou a ter uma lei própria, a Resolução Conama 264/99. A resolução dispõe especificamente sobre o licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividade de coprocessamento de resíduos.
Esses resultados mostram que o coprocessamento no país avança e sem risco de retrocesso. Os números do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também apontam nessa direção. Em 2014, segundo o Ibama, o volume de pneus inservíveis destinados a diversos usos no país chegou a 544,6 mil toneladas, das quais 300,5 mil toneladas são referentes ao coprocessamento na indústria do cimento e outros setores.
Pioneira no país, a Votorantim Cimentos implantou a tecnologia em 1991 e atualmente é responsável por mais de 50% de todo o volume de resíduos coprocessados pelo setor.
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Redação iBahia
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