Os contêineres descartados, utilizados para as lojas, costumam ter 20 anos de uso
Fotos: Divulgação
Habitações, lojas e restaurantes feitos de contêineres. Até 2005, esses "itens" eram encontrados apenas em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Austrália e na Europa, mas agora já podem ser vistos em várias cidades do Brasil.
Por muitos anos utilizados com a única finalidade de armazenamento no transporte de mercadorias, os contêineres, que depois de 10 anos costumam ser descartados, ganharam novas funcionalidades, graças a características como força, durabilidade, mobilidade, além de serem modulares, abundantes e relativamente baratos.
No Brasil, a nova arquitetura é recente, mas aos poucos ganha espaço. O empresário gaúcho André Krai é um exemplo de que a utilização comercial dos contêineres pode dar certo. Para ele, a ideia surgiu meio que sem querer, a partir da necessidade de criar um negócio.
Com vontade em investir em uma rede própria de lojas de roupa, André se deparou com os altos preços de aluguéis e condomínios, o que o fez guardar a ideia na “gaveta”. O sonho só foi possível após uma viagem a Cingapura, onde conheceu uma loja móvel instalada em uma caixa de metal que lembrava um contêiner. Ele conta que achou a ideia sensacional e, quando voltou para o Brasil, viu na grande quantidade de contêineres abandonados nos postos a matéria-prima ideal para as suas lojas.
"É uma estrutura inteligente, barata, ecologicamente correta, sustentável e principalmente versátil, que pode fazer qualquer coisa", destaca André, lembrando que a escolha foi o maior acerto que já fez na vida. "Pouca gente acreditava que ia dá certo, porque o contêiner tem uma estrutura feia, bruta e transformar em uma estrutura delicada, bonita e confortável, foi meio que um desafio."
Atualmente proprietário da franquia Container Ecology Store, o empresário já possui 75 lojas em praticamente todos os estados do país (menos em Piauí e Acre) e algumas no exterior, principalmente na Espanha.
Além das qualidades intrínsecas dos contêineres, a edificação das lojas utiliza também materiais reciclados internos e externos, tais como araras que são feitas de corrimão de ônibus, decks de casca de arroz, prateleiras de madeira legal, cadeira de latão, entre outros.
No interior também são utilizados materiais reciclados
Para quem adquiriu à franquia, a escolha não trouxe arrependimentos. Paulo Falcão, proprietário de uma loja contêiner em São Luiz, capital do Maranhão, contou que o empreendimento é um sucesso e que está sendo muito bem aceito pela população local. "A loja contêiner é um modelo ecologicamente correto, além de ser uma ideia inovadora, o que atrai bastante o público", enumera Falcão.
A loja localizada em São Luiz no Maranhão teve grande aceitação do público segundo o proprietário
A loja em São Luiz é composta por três contêineres e fica localizada em um estacionamento situado em uma avenida comercial. Segundo o proprietário, o espaço é confortável, organizado e isolado termicamente.
Na opinião de André Krai, o Brasil já despertou para a reutilização de contêineres, mais ainda tem um longo caminho pela frente, já que ainda tem problemas que dificultam a instalação desse tipo de negócio, a exemplo da burocracia, tida por ele, como um dos maiores entraves.
Outro problema apontado pelo empreendedor é a impossibilidade de instalação das lojas em determinados locais, a exemplo das praias. Ele explica que sua loja em Ibiza, na Espanha, fica na praia, o que aqui no Brasil não pode ser feito - essas áreas são consideradas "terrenos de marinha" e pertencem à União Federal.
Para a arquiteta Livia Ferraro, que desenvolveu o Contêiner Habitat, um projeto de casa sustentável, junto ao crescimento do conceito contêiner está o encarecimento do material. "Já foi mais fácil comprar um contêiner. Hoje em dia, devido ao aumento da procura, os contêineres têm ficado mais caros", pondera.
Ela esclarece ainda que um dos fatores que encarecem a estrutura é o fato de ela ser importada (normalmente produzida na China) e que para permanecer no Brasil deve pagar taxa de importação, a chamada nacionalização, quase dobrando o valor.
As lojas possuem sistema de ar-condicionado para deixar o clima agradável
No entanto, mesmo com alguns obstáculos, os profissionais que investem no ramo acreditam que os benefícios superam os entraves. "Hoje o contêiner é um projeto de vida, nem mais um negócio", ressalta André Krai.
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!