O profissional de sustentabilidade se destaca hoje porque pode apontar o caminho para a empresa reduzir custos
Foto: catimages/Flickr/CC
Foi-se o tempo em que a área de sustentabilidade era a primeira a ser afetada dentro das empresas em cenários de crise econômica, como a vivida atualmente aqui no Brasil. Ao menos é o que revela uma pesquisa recente desenvolvida pela Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps) em parceria com a consultoria Deloitte, segundo a qual a maioria das companhias manteve ou aumentou o investimento nesse setor em 2015, em relação ao ano passado.
De acordo com o levantamento, apenas 9% das companhias reduziram o orçamento destinado à área, volume similar ao registrado entre 2014 e 2013. A maior parte (43%) manteve o valor, enquanto 29% aumentou o investimento. A pesquisa contou com a participação de 370 profissionais da área e buscou identificar o perfil de quem atua nesse segmento hoje no Brasil.
"O profissional de sustentabilidade se destaca hoje porque pode apontar o caminho para a empresa reduzir custos", destacou ao jornal Valor Valéria Café, diretora de pesquisa da Abraps, para quem a manutenção dos investimentos é consequência de as empresas verem esses profissionais hoje de forma mais estratégica em tempos de crise hídrica e energética.
O perfil do profissional da área é jovem – 42% têm até 35 anos – e com formação variada, mas com alto nível de ensino. “Tínhamos uma percepção de que essas pessoas não estivessem preparadas, mas a maioria [75%] tem pós-graduação, sendo que quase um quarto possui mestrado”, ressaltou Valéria. As principais graduações são administração, engenharia e gestão ambiental, e as mulheres são maioria (58%).
Realização e admiração
A realização pessoal (70%) e a admiração pelo tema (55%) são os principais motivos dados por quem escolheu a área. Apenas 8% optaram pela profissão em razão dos retornos financeiros. Metade dos profissionais recebe salário mensal entre R$ 3 mil e R$ 9 mil. Cerca de 20% recebem salários acima dos R$ 15 mil.
De acordo com Valéria, o profissional atua hoje junto a todas as outras áreas da empresa, o que facilita processos para que a companhia consiga atingir metas da área, 57% das quais são aplicadas em todos os departamentos. Para 51% dos respondentes, a principal atribuição da área de sustentabilidade é desenvolver uma visão estratégica que garanta que os objetivos da área permeiem todas as partes da empresa.
Estágios variados
Na opinião dos participantes, as empresas no Brasil se encontram em estágios variados de maturidade no desenvolvimento da área de sustentabilidade, com poucas sendo consideradas “líderes” no assunto – apenas 18,5%. Consideradas referencial de excelência, essas são companhias que atuam não só interna como externamente para promover o conceito de sustentabilidade.
Outros 24% do total dos respondentes consideram que as empresas onde atuam estão em um estágio maduro, o que significa ter os conceitos de sustentabilidade mais atrelados à estratégia da empresa e educar os funcionários para que objetivos da área sejam atingidos. A maioria dos profissionais, contudo, acredita que suas empresas ainda estão no estágio incipiente (7%), básico (18,5%) ou em desenvolvimento (32%). “Nesse último ponto, a empresa ainda olha mais para dentro e tenta melhorar suas metas”, observou Valéria.
Em 41% das empresas, a área de sustentabilidade é formada por menos de três pessoas. Em um quarto delas, no entanto, a equipe já passa dos 11 integrantes.
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