O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, e o diretor-técnico Carlos Alberto do Santos durante coletiva/Foto: Guilherme Lima
Os micro e pequenos empresários brasileiros adotam práticas sustentáveis no cotidiano da gestão das empresas, tais como a coleta seletiva de lixo e o controle do consumo de papel, de água e de energia. No entanto, 54% deles estão descrentes quanto aos ganhos financeiros que essas ações possam gerar aos seus negócios. As conclusões integram um estudo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) divulgado na quinta-feira, 3 de maio, referente ao perfil da sustentabilidade empresarial.
Do total de 3.912 empresários entrevistados pelo Sebrae no início deste ano, 80,6% disseram controlar o consumo de água, 81,7%, o consumo de energia, 70,2% fazem a coleta seletiva de lixo e 72,4% controlam o consumo de papel. Apesar dessas ações pontuais, 51,7% informaram não ter o hábito de usar materiais recicláveis no processo produtivo, 83,4% não fazem captação da água da chuva ou reutilização de água e 50,9% não reciclam lixo eletrônico ou pneus.
Os empresários de micro e pequenos negócios no Brasil, porém, ainda não percebem claramente o benefício de incorporar, no cotidiano da empresa, um maior número de ações relacionadas à sustentabilidade. “Lucro e sustentabilidade não são contraditórios. Ao mesmo tempo que economizar água e energia ajuda o planeta, também reduz os custos da empresa, melhora a sua imagem e atrai mais clientes”, destacou o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Para 46% dos entrevistados, a questão ambiental representa oportunidade de ganhos para a empresa. Por outro lado, 54% deles afirmam que as chances de lucros relacionadas ao tema ainda não estão bem evidenciadas: 16% dos empresários acreditam que a questão representa custos e despesas, e 38%, nem ganhos, nem despesas.
Outro dado que chama a atenção aponta que 81% das MPE desconhecem a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.
Por outro lado, a grande maioria das empresas consultadas (mais de 80%) entende que a sustentabilidade engloba os eixos ambiental, econômico e social. O presidente do Sebrae informou que 79% dos empresários entrevistados estão conscientes de que empresas que têm ações sustentáveis podem atrair mais clientes e que 69% acreditam que essas ações passam uma boa imagem da empresa para os consumidores.
“Significa aumento de mercado e de valor agregado ao produto, ganho de eficiência e oportunidade de fidelização dos clientes”, ressaltou Barreto.
Cases de sucesso
O diretor técnico do Sebrae nacional, Carlos Alberto dos Santos, citou o caso da lavanderia Prillav, de Rondonópolis (MT), considerada referência nacional em sustentabilidade no segmento. A empresa investiu R$ 152 mil em modernização tecnológica, teve aumento de 8,8% na receita mensal e redução de custos de 2,8%. O consumo de água foi reduzido 32%, enquanto o consumo de combustíveis caiu 36% e os gastos com manutenção de equipamentos diminuíram 42%.
A cachaçaria Extrema, no Rio Grande do Norte, que fabrica aguardente tradicional, investiu R$ 231 mil para a adoção de práticas sustentáveis. A receita média mensal da empresa aumentou 38,2% e a lucratividade cresceu 44%. O consumo de água caiu 46% e o de energia, 76%. A folha de pagamento aumentou 50%, enquanto o consumo de combustíveis declinou 100%.
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