Espreguiçadeira e cabeceira da linha Poronga
Fotos: Divulgação
Mesas, cadeiras, luminárias e objetos de decoração inspirados no cotidiano dos moradores da floresta amazônica serão apresentados de 8 a 13 de abril no Salão Internacional do Móvel de Milão - espaço de promoção Brazil S/A, no Palazzo dei Giureconsulti, localizado na Piazza Mercanti, Duomo, centro de Milão.
As peças, que têm design contemporâneo, e ao mesmo tempo trazem em seu DNA aspectos da cultura local, foram criadas no Curso de Design de Móveis realizado em 2012 pelo governo do Acre, por meio do Instituto Dom Moacyr, em parceria com o Poli.Design de Milão e apoio do Serviço de Apoio Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fifac), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Durante nove meses, estudantes de arquitetura, artistas e marceneiros participaram de um curso de formação. Eles tiveram a oportunidade de identificar aspectos da cultura local, que serviram como inspiração no projeto e comunicação visual dos móveis.
As aulas foram ministradas pelos designers de renome internacional Emmanuel Gallina (França), Bernardo Senna (Brasil), que dirigiram o workshop projetual. O técnico industrial Sergio Frison (Itália), especializado no setor moveleiro, conduziu a fase de prototipagem, por meio de um processo de formação técnica das empresas envolvidas. A designer Eugenia Chiara (Itália) criou a marca “Acre Made in Amazonia” e a comunicação visual, trabalhando em parceria com os artistas locais.
Identidade cultural
Para a concepção das peças foi necessária uma pesquisa de referenciais culturais do Acre, que rendeu um material para reflexão e interpretação muito mais amplo do que o inicialmente imaginado. No campo humano, a diversidade de povos que ocupam o espaço, seja há milhares de anos ou poucas décadas, apresenta iconografias, costumes e mesmo conflitos que estão impressos na história e indicam possibilidades para a compreensão de uma identidade própria que está presente também na cultura material.
A natureza, por outro lado, extremamente rica, seja na geografia ou na vida animal e vegetal se mistura na prática do dia a dia e no imaginário da população local.
A madeira, matéria prima do mobiliário brasileiro por excelência, hoje explorada de forma sustentável na região, ganha ainda mais sentido ao ser usada na confecção dos móveis dessas coleções. Um traço local, que é a combinação de diferentes tons de madeiras, é aplicado nos produtos, de maneira moderna, valorizando o material por meio da forma.
Madeiras com tonalidades elegantes como o Açacu e a Sucupira contrastam com outras que parecem tingidas, mas são surpreendentemente naturais como o Amarelão e o Roxinho. Palavras como Jatobá, Empate e Poronga, cheias de significado para as pessoas do Acre, são utilizadas, não apenas nomeando, mas inspirando, de fato, os produtos criados, e que agora levarão essa cultura para um público muito mais amplo.
Imagens expressivas
E a expressão dessas imagens também está no nome. Jiboia – a cobra sagrada dos povos da floresta. Palafita – nome das casas tradicionais situados sobre os rios. Personagens arquétipos como o seringueiro (trabalhador que extrai o látex da árvore seringueira), o pajé (sábio chefe indígena) e o pescador do rio também são representados. Tripé economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto.
Coleções como Yuxin, que têm origem nos grafismos de origem indígena e nas curvas dos rios, são produtos pensados para espaços semipúblicos (contract), como hotéis, restaurantes, aeroportos e clubes.
Os produtos foram criados com foco em importantes mercados atuais. Cada linha representa aspectos tradicionais e simbólicos do cotidiano dos moradores da floresta amazônica.
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