Perereca infectada com o fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que ataca a pele dos anfíbios e costuma ser fatal. Foto: brian.gratwicke
As mudanças climáticas podem tornar parasitas mais perigosos e até mesmo potencializar os efeitos de algumas doenças, segundo uma pesquisa publicada na segunda-feira, 13 de agosto, na revista Nature Climate Change. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Oakland, na Califórnia, e da Universidade do Sul da Flórida, o estudo registrou maior incidência de infecção por fungos parasitários em pererecas expostas a alterações bruscas de temperatura.
Por serem menores e crescerem mais rápido, os parasitas podem se adaptar com mais agilidade às mudanças climáticas que os seus hospedeiros, afirmam os pesquisadores. "Um aumento na variação do clima provavelmente torna mais fácil para um parasita infectar seu hospedeiro. E achamos que pode também exacerbar os efeitos de algumas doenças", afirmou à Reuters o biólogo Thomas Raffel, da Universidade de Oakland.
De acordo com especialistas ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), o aquecimento global deve aumentar as variações bruscas de temperatura, além de causar problemas como ondas de calor, migrações forçadas, enchentes, tempestades, incêndios e secas.
"Poucos estudos consideraram os efeitos da variação do clima nas enfermidades, apesar de ser provável que tanto hospedeiros como parasitas apresentem respostas diferentes durante as mudanças climáticas", escreveram os pesquisadores.
Testes de resistência
Em seu experimento, eles colocaram pererecas-cubanas (Osteopilus septentrionalis) em 80 incubadoras com temperaturas variáveis e as expuseram ao fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que ataca a pele de anfíbios e geralmente é fatal.
Em um dos testes, eles observaram que as pererecas mantidas por quatro semanas sob a temperatura de 25ºC sofriam muito mais infecções quando eram transportadas para incubadoras a 15ºC, em comparação com os anfíbios que já estavam acostumados a viver sob 15ºC. Em outra experiência, os animais foram expostos a variações diárias de 15ºC a 25ºC, comuns no Hemisfério Norte do dia para a noite. Observou-se que esses animais tinham uma resistência muito maior ao fungo.
Baseados em fatores como tamanho, expectativa de vida e metabolismo, os cientistas concluíram que as pererecas-cubanas demoram cerca de dez vezes mais tempo para se adaptar a mudanças inesperadas de temperatura que o fungo.
Segundo Raffel, mais testes com outros tipos de parasitas e hospedeiros são necessários para confirmar as descobertas. Mas ele especula que animais de sangue frio, como peixes, répteis e insetos, podem ser mais suscetíveis a parasitas durante mudanças de temperatura que os pássaros e os mamíferos, que têm sangue quente.
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!