Urso polar sobre camada de gelo que se desprendeu do Ártico
Foto: Scheherazade Al Arab
Há muito pouco espaço para dúvidas de que as ações humanas são mesmo responsáveis pela elevação da temperatura no planeta. Esta é uma das principais conclusões do quinto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que será divulgado na sexta-feira, 27 de setembro, seis anos depois de sua última edição.
A única questão que ainda permanece aberta é a gravidade do impacto que esse fenômeno terá sobre a humanidade e o meio ambiente. “As provas científicas das mudanças climáticas se reforçaram a cada ano, deixando pouca incerteza, salvo sobre suas graves consequências”, adiantou na segunda-feira (23), o presidente do painel, Rajendra Pachauri.
Os membros do IPCC estarão reunidos em Estocolmo (Suécia) até sexta-feira. Ao fim do encontro, os especialistas vão revisar e discutir os dados que constarão no documento oficial. No entanto, uma versão preliminar do texto obtida por jornalistas e a própria declaração de Pachauri já deixam claro que, na opinião do IPCC, é mesmo a crescente emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE) que tem tornado a Terra cada vez mais quente, ano após ano.
Segundo a agência de notícias France Presse, um dos veículos que obteve a versão preliminar, o texto apontará também que a intensificação de alguns eventos extremos — como tempestades, inundações e períodos prolongados de seca — estão ligados à forma como a humanidade tem utilizado os recursos naturais.
Medidas urgentes
Além disso, o relatório destacará a urgência de tomar medidas para poder conter o aquecimento a no máximo 2ºC em comparação aos níveis da Revolução Industrial, um objetivo adotado pelos 195 países que negociam medidas para frear o efeito estufa.
O texto contou com a colaboração de 520 autores. “Não conheço um documento que tenha sido submetido a esse tipo de análise minuciosa e que tenha envolvido tantas pessoas com espírito crítico, que ofereceram sua perspicácia e conselhos”, afirmou o copresidente do grupo de trabalho que assina o relatório, Thomas Stocker. De acordo com ele, o trabalho se baseou “em milhares de medições na atmosfera, na terra, no gelo e no espaço”, o que permitiu uma visão “sem precedentes e imparcial” do estado do sistema climático. “A mudança climática é um dos grandes desafios de nossa época. E como ameaça nossa única residência, devemos enfrentá-la.”
Algumas conclusões dos bastidores da reunião de Estocolmo:
- Mais uma vez encurralados por críticas, os experts tiveram de explicar que a redução do ritmo de aquecimento da Terra, de 1998 a 2010, não altera a certeza de que as mudanças climáticas são causadas pelas emissões de gases de efeito estufa.
- O chamado "hiato" da curva de aumento da temperatura foi diagnosticado pelos próprios cientistas do Grupo Intergovernamental de Experts sobre a Evolução do Clima (GIEC), que integram o IPCC.
- Esboços do IPCC vistos pela Reuters dizem que as atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis são, de forma "extremamente provável" - pelo menos 95% de probabilidade -, a principal causa do aquecimento global desde a década de 1950.
- No relatório anterior, em 2007, a causa humana era vista como "muito provável", ou uma probabilidade de pelo menos 90 por cento. No relatório de 2001 a cifra era de 66 por cento, o que deixava uma considerável probabilidade para as causas naturais.
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