Apesar de melhorar a atividade econômica, o Porto Sul irá afetar turismo e meio ambiente de Ilhéus, na Bahia/Fotos: cid.edson
O projeto do Porto Sul, na Bahia, não para de gerar polêmicas. Desta vez, um documento da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) revelou que o risco de contaminação da fauna marinha por arsênio, representando perigos inclusive para o consumo humano.
Os especialistas afirmam ainda que a construção do porto é uma ameaça às baleias-jubarte presentes na região e que a pesquisa de impactos ambientais (EIA-Rima) tem um diagnóstico incompleto dos problemas e não prevê soluções adequadas.
O estudo é o segundo feito para a o instalação do porto, cuja localização foi modificada (da Ponta da Tulha para Aritaguá) após a pressão de ambientalistas e moradores, devido ao alto impacto na fauna e flora local e sobre o turismo da região.
Ponta da Tulha, área original para a construção do porto, foi susbtituída pelo alto impacto ambiental
Veneno
A contaminação dos peixes pelo arsênio, segundo o ofício, é provável devido ao acúmulo da substância, largamente utilizada nos agrotóxicos que combate a vassoura-de-bruxa no cacau, no leito marinho de Ilhéus. O metal pesado, que pode ter sido levado ao mar pela chuva e pelo rio Almada, deve se dispersar na área com as obras de dragagem na região.
Com a atividade pesqueira sendo uma das principais na região, em um cenário mais grave, o consumo do pescado contaminado a exposição crônica da população pode ocasionar diversos casos de câncer.
Além disso, o Instituto Baleia Jubarte considera que o impacto da construção do Porto Sul nas baleias e golfinhos podem ser “desastrosas”, principalmente no período de reprodução. Esses mamíferos possuem uma audição muito sensível, e tanto a dragagem quanto a operação do porto pode interferir na comunicação desses animais. Outro problema apontado pelo instituto é a possibilidade de colisão com navios.
População protesta contra o Porto, em outubro de 2011
Licença
Um parecer parcial do Ibama, divulgado em fevereiro, também aponta “dados contraditórios e faltantes” sobre a flora da região como exemplo dos problemas encontrados no EIA-Rima. De acordo com a autarquia, estão ausentes do estudo propostas de mitigação para trabalhadores rurais e extrativistas das áreas afetadas pelo empreendimento.
Além disso, o órgão indicou como “sem objetividade” as soluções para evitar a saturação da malha viária. Se não houver alterações, o Ibama deve pedir estudos complementares sobre os impactos socioambientais, antes de decidir sobre a emissão da licença prévia ao porto.
Em resposta, o Governo da Bahia enumera as mudanças já feitas no projeto para reduzir os impactos ambientais, tais quais a redução da área total do complexo, em Aritaguá, de 4,8 mil para 1,8 mil hectares e o encolhimento do quebra-mar, de 2,4 para 1,8 km, reduzindo em 40% a necessidade de pedras. Já a dragagem diminuiu de 36 milhões para 16 milhões de metros cúbicos.
Com informações do Valor Econômico
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