Economias locais protegem a Terra, dão mais sentido ao trabalho, nos abastece e nos causa bem-estar, defende a ativista indiana
Foto: VOCES/Flickr/(cc)
"O desenvolvimento deveria ficar restrito pelos limites da natureza. No entanto, um outro – e perigoso – significado está sendo dado à sustentabilidade. Diz respeito não à sustentação da natureza, mas do desenvolvimento em si. Sustentabilidade, assim, quer dizer assegurar o fornecimento contínuo de matérias primas para a produção industrial". A crítica é feita pela ativista do meio ambiente e física de formação Vandana Shiva.
Há cerca de três décadas, ela criou o primeiro dos 122 bancos de sementes comunitários existentes na Índia atualmente, com o objetivo de defender a soberania alimentar. Shiva procura impedir que as grandes corporações entrem em territórios indianos para patentear sementes, degradando grande parte do território do país, inundando o mercado com importações e colocando em risco o trabalho de 300 mil produtores.
Em artigo recente publicado na revista Resurgence & Ecologist, ela propõe um novo Pacto com o Planeta, que seria capaz de solucionar as crises climática, hídrica e alimentar que o mundo vive atualmente. Essas diretrizes estão centradas em dez pontos principais:
1 – No solo vivo está a prosperidade e a segurança de uma civilização. Na destruição deste solo está a destruição desta mesma civilização;
2 – Nossas sementes e biodiversidade, nossos solos e água, nosso ar, atmosfera e clima são bens comuns;
3 – Liberdade de sementes e biodiversidade é o primeiro passo para se ter alimentos também livres e resiliência climática;
4 – Agricultura industrial globalizada é a maior contribuição para a crise climática;
5 – Sistemas de alimentos locais, agricultura em pequena escala e ecológica podem alimentar as pessoas e esfriar o planeta;
6 – O “livre comércio” é uma ameaça para o planeta e para as nossas próprias liberdades;
7 – Economias locais protegem a Terra, dão mais sentido ao trabalho, nos abastece e nos causa bem-estar;
8 – Participação e democracias vivas são o primeiro fundamento da Terra democrática;
9 – Somos membros de uma mesma comunidade chamada Terra, na qual todas as espécies, pessoas e culturas têm direitos e deveres;
10 – Vamos criar jardins de esperança em todos os lugares.
"A sobrevivência da humanidade depende deste pacto que seria baseado numa nova visão de cidadania planetária. Um pacto baseado em reciprocidade, cuidado e respeito. Baseado em tomar e devolver, em dividir os recursos do mundo de maneira equitativa entre todas as espécies vivas. Ele começa quando se percebe o solo como uma entidade viva, a Terra Viva, cuja sobrevivência é essencial para todos nós. O futuro será cultivado a partir do solo, e não mais do mercado global de finanças fictícias, consumismo e pessoas jurídicas. Precisamos sair deste ponto de vista corporativo para outro que tenha o centro na família Terra. Onde quer que estejamos neste planeta, o solo é nossa base. A Terra é nossa casa. Nós precisamos recuperar isto da manipulação e da ganância das corporações e cuidar disso, juntos", escreve Vandana Shiva.
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!