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SUSTENTABILIDADE

Os 20 anos da Rio-92 devem ser comemorados

Superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável, Virgílio Viana vê de maneira positiva os fatos ocorridos na Rio+20 até então. "Essa visão otimista deve, contudo, ser temperada. Ainda que possamos identificar avanços positivos, isso é ainda pouco diante do desafio de frear a degradação dos ecossistemas dos quais depende a vida no planeta", pontua Viana.

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19/06/2012 às 19:35 • Atualizada em 27/08/2022 às 2:39 - há XX semanas
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Por Virgilio Viana*

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"A Rio-92 foi muito bem sucedida ao disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável", afirma Virgílio Viana

Há um excesso de pessimismo nas discussões relacionadas à Rio+20. Ao contrário de muitos, creio que isso é injustificado.

Parto de duas constatações. Primeiro, houve uma enorme penetração da “sustentabilidade” em territórios até então cegos e surdos ao tema. Antes da Rio-92, a sustentabilidade era assunto restrito a ambientalistas, ecólogos e alguns poucos líderes visionários de outros setores. O quadro atual é radicalmente diferente.

Quando iríamos imaginar, por exemplo, que presidentes de grandes bancos, como o Bradesco e BNDES, gastariam cada vez mais tempo com temas relacionados à sustentabilidade? Quando imaginaríamos que a CNI reuniria em um evento da Rio+20 mais de 1.100 líderes empresariais para apresentar propostas concretas para uma produção industrial realmente sustentável? O que era impensável há 20 anos, hoje se tornou rotina. A sustentabilidade entrou definitivamente no centro do processo de tomada de decisões – para ficar.

A segunda constatação é de que há um processo de mudanças nas empresas, governos e sociedade civil. Elaborar relatórios de sustentabilidade virou rotina. O que era antes feito como assunto apenas de marketing vai se transformando em indicadores objetivos de consumo de energia, água, etc. Quando iriamos imaginar que empresas tradicionais, como a Abril e a Embraer, iriam investir em inventários das suas emissões de gases efeito estufa e fazer pesados investimentos na redução e compensação dessas emissões? Já existem resultados concretos da mudança da economia rumo à sustentabilidade.

Essa visão otimista deve, contudo, ser temperada. Ainda que possamos identificar avanços positivos, isso é ainda pouco diante do desafio de frear a degradação dos ecossistemas dos quais depende a vida no planeta. É também pouco para erradicar a pobreza extrema, que atinge cerca de 1,5 bilhão de pessoas. É essencial aumentar a velocidade e escala das mudanças rumo a uma economia verde.

Entretanto, não devemos esperar que a ONU consiga resolver isso por si só. Mas podemos esperar que a ONU contribua para a construção de novos paradigmas. Maior papel caberá às empresas e sociedade civil, com apoio dos governos locais. A Rio-92 foi muito bem sucedida ao disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável. Creio que a Rio+20 será igualmente bem sucedida em consolidar o conceito de economia verde.

*Virgílio Viana é Ph.D. por Harvard; foi secretario de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (2003-8) e é atual superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável.

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