Os “cinco Ps” – pessoas, planeta, prosperidade, paz e parceria – mostram um pouco acerca do amplo alcance da agenda
Foto: ONU/iStock photo
Os 193 Estados-membros da ONU chegaram a um acordo no domingo, 2 de agosto, sobre o rascunho do documento final que constituirá a nova agenda de desenvolvimento sustentável, que será formalmente adotada pelos líderes mundiais em Nova York durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável em setembro.
Ao concluir a negociação do processo que abrangeu mais de dois anos, com a participação sem precedentes da sociedade civil, os 193 Estados-membros chegaram a um acordo sobre a ambiciosa agenda que inclui 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) que buscam, até 2030, erradicar a extrema pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar das pessoas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, parabenizou o acordo, ao afirmar que trata-se de uma “agenda universal, transformadora e integrada que anuncia um ponto decisivo para nosso mundo”.
“Esta é uma Agenda do Povo, um plano de ação para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões, de forma irreversível, em todos os lugares, não deixando ninguém para trás. Ela busca garantir a paz e a prosperidade e forjar uma parceria com as pessoas e o planeta em seu cerne. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável integrados, interligados e indivisíveis são os objetivos das pessoas e demonstram a escala, a universalidade e a ambição dessa nova Agenda”, afirmou Ban.
Nova era
Ban disse que a Cúpula de setembro, onde a nova agenda será adotada, “mapeará uma nova era para o desenvolvimento sustentável em que a pobreza será erradicada, a prosperidade compartilhada e os motores centrais da mudança climática enfrentados”.
“Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” engloba uma agenda universal, transformadora e integrada que anuncia um ponto decisivo para nosso mundo, acrescentou Ban Ki-moon. “O acordo é o resultado de um processo verdadeiramente aberto, inclusivo e transparente.”
Implementação da nova agenda
Ele adicionou que o Sistema ONU se mantém pronto para apoiar a implementação da nova agenda, que se somam aos resultados exitosos do resultado da Terceira Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento de Adis Abeba, e que – acrescentou – irá contribuir para alcançar um acordo significativo na 21ª Conferência das Partes da ONU para a Mudança Climática (COP21) em Paris em dezembro.
Mais de 150 líderes mundiais são esperados para a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável na sede da ONU em Nova York, entre 25 e 27 de setembro, para formalmente adotar o documento final acordado neste fim de semana.
Novos objetivos
A nova agenda de desenvolvimento sustentável amplia o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que ajudou mais de 700 milhões de pessoas a deixar a pobreza. Os oito ODMs, adotados em 2000, respondiam a uma gama de questões que incluíam reduzir a pobreza, doenças, desigualdade de gênero e promover o acesso à água e ao saneamento até 2015.
Os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a agenda mais ampla de sustentabilidade, irão além, respondendo às causas da pobreza e à necessidade universal para o desenvolvimento que funcione para todos.
O preâmbulo do texto de 29 páginas, “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, diz: “Temos a determinação de livrar a humanidade dentro desta geração da tirania da pobreza e queremos e cicatrizaremos e asseguraremos nosso planeta para as gerações presentes e futuras”.
E adiciona: “Estamos determinados a dar passos ousados e transformadores que são urgentemente necessários para colocar nosso mundo em um caminho sustentável e resiliente. Em um momento em que embarcamos nessa jornada coletiva, prometemos que ninguém será deixado para trás”.
Elementos centrais
O documento final destaca a erradicação da pobreza como o objetivo primordial da nova agenda de desenvolvimento e busca em sua essência a integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável – econômica, social e ambiental.
A nova agenda de desenvolvimento pede uma ação por todos os países, pobres, ricos e de renda média. Os Estados-membros se comprometem a não deixar ninguém para trás. Os “cinco Ps” – pessoas, planeta, prosperidade, paz e parceria – mostram um pouco acerca do amplo alcance da agenda.
Os 17 objetivos sustentáveis e 169 metas visam a superar barreiras-chave sistêmicas para o desenvolvimento sustentável, tais como a desigualdade, o consumo e os padrões de produção insustentáveis, infraestrutura inadequada e falta de empregos decentes. A dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável é coberta nas metas sobre os oceanos e recursos marinhos, bem como nas metas sobre os ecossistemas e a biodiversidade.
Os meios de implementação delineados no documento final coincidem com suas ambiciosas metas e foca em finanças, tecnologia e desenvolvimento de capacidades. Além de uma meta independente sobre os meios de aplicação para a nova agenda, meios específicos são adaptados a cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Business as usual”
Os Estados-membros destacaram que as transformações desejadas exigirão o abandono do chamado “business as usual” – a forma como tradicionalmente são realizados os negócios –, e intensificação dessas transformações pedirão a cooperação internacional em muitas frentes. A agenda exige uma parceria global e revitalizada para o desenvolvimento sustentável, incluindo as parcerias com múltiplas partes. A agenda também prevê o aumento de capacitação e melhores dados e estatísticas para medir o desenvolvimento sustentável.
Uma arquitetura de acompanhamento e avaliação eficaz – elemento central do documento final – será fundamental para apoiar a implementação da nova agenda. O Fórum Político de Alto Nível sobre desenvolvimento sustentável, criado após a Conferência Rio+20, será o ápice para o acompanhamento e avaliação dos ODS, desempenhando um papel central. A Assembleia Geral, o Conselho Econômico e Social (Ecosoc) e os fundos, programas e agências especializadas da ONU também serão envolvidos na análise dos progressos realizados em áreas específicas.
Mecanismo de facilitação
Com base no documento final, a agenda vai incluir um “Mecanismo de Facilitação de Tecnologia” para apoiar as novas metas, com base na colaboração de múltiplas partes interessadas entre Estados-membros, sociedade civil, empresas, a comunidade científica e o Sistema ONU. O mecanismo, que foi acordado na Conferência de Adis Abeba em julho deste ano, terá uma equipe de trabalho interagencial; um fórum sobre ciência, tecnologia e inovação; e uma plataforma colaborativa online.
O êxito da Conferência de Adis Abeba deu um impulso positivo importante para o último trecho das negociações sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015. Espera-se que o consenso alcançado sobre o documento final dê um impulso às negociações sobre um novo tratado vinculativo sobre a mudança climática, que será finalizado na Conferência de Mudança Climática em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015.
O rascunho de acordo sobre a nova agenda de desenvolvimento, que será adotado durante um encontro na sede da ONU em Nova York, entre os dias 25 a 27 de setembro, pode ser encontrado aqui.
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