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"Parece que nascemos só para consumir e consumir", critica Pepe Mujica

O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, criticou duramente o consumismo durante seu discurso na 68ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. "O deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir. E quando não podemos, carregamos frustração, pobreza e autoexclusão", afirmou.

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25/09/2013 às 16:45 • Atualizada em 31/08/2022 às 13:39 - há XX semanas
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O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, criticou duramente o consumismo na terça-feira, 24 de setembro, durante seu discurso na 68ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. “O deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir. E quando não podemos, carregamos frustração, pobreza e autoexclusão”, afirmou.

No discurso, que durou um pouco mais de 40 minutos, o líder uruguaio também elogiou a utopia “de seu tempo”, mencionou sua luta pelo antigo sonho de uma “sociedade libertária e sem classes” (ele foi guerrilheiro durante a ditadura e chegou a ser preso por 14 anos) e destacou a importância da ONU, que se traduz para ele em um “sonho de paz para a humanidade”.

O certo hoje é que para a sociedade consumir como um americano médio seriam necessários três planetas. Nossa civilização montou um desafio mentiroso”
Pepe Mujica, presidente do Uruguai

Aos jornais uruguaios, Mujica havia prometido um “discurso exótico” e fugiu do protocolo ao dizer que “tem angústia pelo futuro” e que nossa “primeira tarefa é salvar a vida humana”. “Sou do Sul (...) e carrego inequivocamente milhões de pessoas pobres na América Latina, carrego as culturas originárias esmagadas, o resto do colonialismo nas Malvinas, os bloqueios inúteis a Cuba, carrego a consequência da vigilância eletrônica, que gera desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego a dívida social e a necessidade de defender a Amazônia, nossos rios, de lutar por pátria para todos e que a Colômbia possa encontrar o caminho da paz, com o dever de lutar pela tolerância”.

Modelo fracassado

O presidente do Uruguai ressaltou ainda o que chamou de "o fracasso do modelo adotado no capitalismo": “o certo hoje é que para a sociedade consumir como um americano médio seriam necessários três planetas. Nossa civilização montou um desafio mentiroso”.

Para Mujica, o atual modelo de civilização “é contra os ciclos naturais, contra a liberdade, que supõe ter tempo para viver, (…) é uma civilização contra o tempo livre, que não se paga, que não se compra e que é o que nos permite viver as relações humanas”, porque “só o amor, a amizade, a solidariedade, e a família transcendem”. “Arrasamos as selvas e implantamos selvas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com remédios. E pensamos que somos felizes ao deixar o humano”.

Guerra e paz

O presidente uruguaio lembrou que a cada dois minutos se gastam dois milhões de dólares em insumos militares. "As pesquisas médicas correspondem à quinta parte dos investimentos militares”, criticou Mujica ao sustentar que ainda estamos na pré-história: “enquanto o homem recorrer à guerra quando fracassar a política, estaremos na pré-história”, defendeu.

Assim, criamos “este processo do qual não podemos sair e causa ódio, fanatismo, desconfiança, novas guerras; eu sei que é fácil poeticamente autocriticarmos. Mas seria possível se firmássemos acordos de política planetária que nos garantam a paz”. Ao invés disso, “bloqueiam os espaços da ONU, que foi criada com um sonho de paz para a humanidade”, concluiu José Mujica.

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