O biofiltro é composto por colônias de bactérias comuns em solos com matéria orgânica
Fotos: Reprodução/USP
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o lixo descartado em aterros sanitários emite metano (CH4) e gás carbônico (CO2), gases que contribuem para o aumento do efeito estufa. Para impedir o descarte desses gases no meio ambiente, pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP, desenvolveram um sistema de biofiltros capaz de oxidar e consumir o gás metano. Além disso, a cobertura pode ser acoplada a um aparelho que mede a quantidade de metano oxidado, possibilitando a venda de créditos de carbono.
A capacidade do biofiltro vem da colônia de bactérias presente no aparelho, bastante comum em solos com matéria orgânica. Quando essa colônia se desenvolve ela se torna eficiente no consumo do metano.
"A cobertura metanotrófica (que oxida o metano) é formada por um solo onde se acrescenta matéria orgânica com o objetivo de inocular a bactéria. Assim, as bactérias oxidam o metano, gerando gás carbônico e água", destacou o professor da Poli, Fernando Marinho, que coordena a pesquisa. "O ideal é que a camada do biofiltro fique acima da cobertura final do aterro sanitário ou de qualquer cobertura projetada, mesmo que em lixões."
De acordo com o coordenador, as instalações de aterros sanitários minimizam emissões nocivas, no entanto, como o lixo é um material muito compressível, ele acaba se movimentado, o que forma trincas nas coberturas por onde os gases escapam. A opção já existente de capturar o gás de lixo (biogás) e queimá-lo para transformá-lo em energia reduz a poluição atmosférica, mas não é tão interessante em termos econômicos, segundo Marinho.
Já o novo sistema pode ser adotado em qualquer local em que haja deposição de resíduo sólido urbano e onde se tenha interesse de projetar uma cobertura com custos menores, compensados pelo ganho ambiental.
Fase de testes
Medidor de biogás integrado ao biofiltro
O sistema de biofiltros já está em fase de teste no aterro sanitário Delta 1, em Campinas. Segundo Marinho, o sistema é periodicamente monitorado, medindo-se parâmetros tais como: temperatura, umidade do solo, pressão da água, concentrações dos gases ao longo do biofiltro, além de outros. "As medições de concentrações são feitas entre pontos do aterro cuja diferença indica o quanto foi oxidado, ou seja, deixou de sair para a atmosfera", explicou.
O objetivo das medições é criar um procedimento que possa ser usado no cálculo dos créditos de carbono (valores pagos a projetos que reduzem as emissões do efeito estufa). "Capturar o metano que iria escapar sem controle pelo sistema de cobertura é o objetivo, pois o cálculo de queima já é feito em alguns aterros no Brasil", apontou Marinho. "No entanto, não existe nenhuma quantificação dos processos de oxidação na cobertura".
O estudo tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), participação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e colaboração da prefeitura da cidade de Campinas (interior de São Paulo).
Assista o vídeo de apresentação:
Com informações da Agência USP de Notícias
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