Caminhões, ônibus e utilitários movidos a diesel são parte dos cerca de 2,1 milhões de veículos com mais de 20 anos de uso que circulam pela capital paulista
Foto: Natalie Sparaciali
Grandes centros urbanos europeus começam a discutir a possibilidade de limitar a circulação de carros antigos, no sentido de combater a poluição atmosférica, fator que interfere negativamente no clima e na saúde da população. Esses são os casos de Lisboa (Portugal) e Munique Alemanha), por exemplo. A prefeitura de Paris, por sua vez, planeja proibir o uso dos veículos com 17 anos ou mais a partir de 2014.
Caso São Paulo, a maior cidade brasileira, adotasse medida semelhante, o trânsito da capital teria cerca de 2,1 milhões de veículos a menos e a metrópole poderia sentir uma redução de até 67% na emissão de poluentes, segundo especialistas.
O volume de gases nocivos à saúde gerado pelo motor de um carro com mais de 15 anos de uso é 28 vezes maior que o de um novo, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "A tecnologia dos veículos aumentou para tornar o motor mais eficiente e diminuir a poluição que ele gera", afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo o professor de engenharia mecânica Sílvio Sumioshi, da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
A substituição do carburador pela injeção eletrônica, o uso do catalisador e a instalação de peças para tratar os gases no escapamento são alguns dos avanços citados por Sumioshi. O professor também lembrou que a falta de manutenção adequada, principalmente nos carros mais antigos, também está ligada à poluição. "O desgaste de algumas peças e a falta de regulagem do motor podem atrapalhar."
Caminhões, ônibus e utilitários movidos a diesel são parte dos cerca de 2,1 milhões de veículos com mais de 20 anos de uso que circulam pela capital paulista, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Alguns desses automóveis não se enquadram nas regras do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O programa estabeleceu um calendário para reduzir a emissão de gases.
Medidas estruturantes
Diminuir a emissão de poluentes não é suficiente se a frota continuar crescendo, avaliou o professor e médico Paulo Saldiva, coordenador do laboratório de poluição atmosférica da Universidade de São Paulo (USP). "Não vamos resolver o problema da poluição apenas trocando esses veículos velhos por carros que poluem menos", observou Saldiva.
"Uma restrição de carros antigos seria bem vinda em São Paulo, mas apenas se fosse acompanhada de medidas estruturantes, como a oferta de transporte público rápido e confortável." A medida também poderia ser acompanhada por incentivos fiscais para quem quisesse trocar o carro por um mais novo.
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