Futons são peças fundamentais em uma casa japonesa. Eles substituem camas e colchões de espuma. São colocados no chão ou sobre estruturas de madeiras ou bambu. De manhã, podem ser enrolados e guardados, liberando espaço. Esse jeito de dormir conquistou brasileiros atraídos por novidades e , também, para solucionar dores no corpo, pela praticidade e por motivos decorativos.
A empresa carioca Biofuton confecciona futons sob encomenda, feitos de algodão 100% natural, há 26 anos. As peças duram até 20 anos, podem ser reformadas e não são tóxicas como os colchões de espuma. O empreendimento também produz móveis, almofadas e rolos 100% ecológicos. Todos os produtos seguem os princípios da sustentabilidade e utilizam matérias primas naturais orgânicas e recicladas.
“Futon é saúde”, define Virgínia Rafael Palmier, proprietária do empreendimento. “Fomos a primeira empresa brasileira a produzir futons. Quando começamos a fazê-los, nem a colônia japonesa fabricava mais”, complementa a empresária. No começo era preciso explicar o produtos, hoje não mais.
O empreendimento trabalha em parceria com decoradores, arquitetos, empresas produtoras de móveis alternativos e recicladoras, agricultores e artesãos de algodão orgânico, entre outros.
Virgínia conta que a ideia do negócio surgiu na época em que se tornou adepta da alimentação e estilo de vida macrobiótica. “As pessoas só falavam em alimento. Orgânicos são mais do que alimento”, observa.
No início, frequentadores de restaurantes vegetarianos, naturais e macrobióticos e praticantes de ioga do Rio de Janeiro compunham a clientela. Com o tempo, pessoas de diferentes segmentos sociais passaram a se interessar por dormir em futons, segundo ela.
A propaganda dos produtos sempre foi feita no boca a boca, por meio dos clientes. “ O relacionamento com a clientela é muito próximo”, diz a empresária. Até o momento, 5 mil peças foram confeccionadas e vendidas para clientes de todo o país, de acordo com sua estimativa.
Matérias primas
“O que fazer com os colchões de espuma? São produtos muito tóxicos, pois são feitos de derivados de petróleo, que levam 120 anos para decompor”, questiona a empresária. Em 2010, foram produzidas 16 milhões de toneladas de espuma no mundo, informa. “Não existe possibilidade de reutilização desse material”, argumenta.
Virgínia conta que foi desafiante no começo, devido à dificuldade de encontrar a matéria-prima. Hoje, os principais fornecedores de algodão 100% orgânico são de Campina Grande (PB), integrantes do grupo Natural Fashion. A empresa também usa lã , proveniente de grupo de artesãs de Mato Grosso do Sul e lã orgânica do Rio Grande do Sul.
“Nossos futons não têm zíper são fechados a mão Usamos outros materiais como o plumante de garrafa pet no preenchimento de almofadas”, informa. Manta de fibra de coco é outra matéria-prima das peças da Biofuton. O tamanho casal custa em torno de R$ 1.650, e de solteiro R$ 1.200. Atualmente a empresa trabalha com tecidos de aparas de moda ou resíduos de confecção de roupas para revestir os produtos.
Uma empresa paulista (Eco-Tex) desfia essas sobras e fabrica tecido reciclado delas. “É tecido do tecido”, resume Virgínia.
Mercado e parcerias
A Biofuton confecciona 40 futons de casal e 30 de solteiro/ mês. A empresa também produz peças para quartos de bebê. Virgínia revela que o nicho de futons foi exclusivo do empreendimento, durante 16 anos. Há dez anos, começaram a surgir concorrentes, mas que trabalham com espuma, polyester, manta acrílica, etc.
A empresa recebeu o prêmio Planeta Casa 2011 da Editora Abril, na categoria móvel 100% sustentável, com uma cama composta de laminados de bambu e futon. A empresária ressalta que a pesquisa de novos parceiros não cessa. “Vou encontrando pessoas no mercado, que trabalham e acreditam nos mesmos valores”, observa.
Atualmente a empresa é parceira da Fagus de Betim (MG), especializada em móveis de resíduos de madeira da Fiat. Outro parceiro é a Casa Saudável de Belo Horizonte (MG), que desenvolve soluções sustentáveis para residências.
Uma das metas da empresa é implantar a coleta de colchões de espuma antigos, desmontá-los e fornecer os materiais para a reciclagem. Os resíduos da empresa são doados ou transformados em patchwork. Os plásticos que embalam as peças são reciclados e retornam à Biofuton, depois da entrega dos produtos, para serem reutilizados.
“Sustentabilidade no Brasil ainda está nas classes A e B. Gostaria muito de produzir para outras classes sociais, mas percebo que ainda não é o momento”.
A meta da empresa é confeccionar linhas completas de mobiliário moderno. As parcerias com outras empresas, designers, arquitetos, entre outros, são fundamentais para o empreendimento.
(Por Vanessa Brito, da Agência Sebrae de Sustentabilidade)
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