Produtividade média, principal uso de áreas desmatadas, equivale a apenas um quarto do que poderia ser produzido usando as técnicas mais adequadas
Foto: RadamesM
Considerada uma das principais vilãs do desmatamento no Brasil, a atividade agropecuária pode se desenvolver economicamente sem que para isso seja necessário devastar a Amazônia. A conclusão consta no estudo Como desenvolver a economia rural sem desmatar a Amazônia, divulgado na sexta-feira, 1º de fevereiro, pela organização não governamental Imazon.
De acordo com os autores, o fator crítico para elevar a produção sem desmatar é aumentar a produtividade da agropecuária que, apesar dos avanços, ainda está abaixo do potencial. A produtividade média, principal uso de áreas desmatadas, equivale a apenas um quarto do que poderia ser produzido usando as técnicas mais adequadas.
Os pesquisadores estimaram que seria possível suprir a alta da demanda de carne projetada até 2022 por meio do aumento da produtividade de apenas 24% do pasto com potencial agronômico para a intensificação existente em 2007.
Assim, sem desmatar, até 2022 seria possível aumentar o valor da produção agropecuária em cerca de R$ 4 bilhões – um aumento de 16% do valor da produção agropecuária em 2010.
A produção adicional sem desmatamento ainda empregaria, aproximadamente, 39 mil pessoas, segundo estimativas do Imazon.
Seria necessário investir até R$ 1 bilhão por ano até 2022 – e este nível de investimento seria viável uma vez que é equivalente a cerca 70% do crédito rural anual médio concedido no bioma Amazônia para a pecuária entre 2005 e 2009.
Para que a produção agropecuária cresça apenas nas áreas já desmatadas, o poder público deverá corrigir falhas de políticas que desencorajam o investimento nessas regiões e nas demais que estimulam o desmatamento. "A cobrança devida do ITR, por exemplo, inibiria a ocupação da terra para uso especulativo, estimulando o uso produtivo e aumentando a arrecadação do Estado", afirma o pesquisador Daniel Silva.
Além disso, segundo o especialista, "a ineficiência do estado na regularização fundiária inibe investimentos produtivos sobre a terra, deixando margem ao uso meramente especulativo e para lavagem de dinheiro", conclui.
- Conheça o estudo na íntegra -
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