Obra do artista Pedro Wirz explora o universo das carrancas como objeto de proteção e vigilância
Imagem: Renne Ramos
Para o projeto da fachada do Edifício Santa Filomena, o quarto a ficar pronto no "Corredor Verde" no entorno do elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, em São Paulo, o artista Pedro Wirz explora o universo das carrancas como objeto de proteção e vigilância. A lenda ribeirinha desse objeto místico é reinterpretada e apresenta-se aos visitantes do Minhocão em forma de uma face gigante de carranca, sendo um apelo ao seu cuidado e respeito.
No Brasil, as primeiras referências às carrancas datam de 1888, em livros de Antônio Alves Câmara e Durval Vieira de Aguiar. As carrancas eram construídas com um objetivo comercial, pois a população ribeirinha dependia do transporte de mercadorias pelo rio, e os barqueiros utilizavam as carrancas para chamar a atenção para sua embarcação.
Em certo momento, a população ribeirinha passou a atribuir características místicas de afugentar maus espíritos às carrancas. Esta atribuição colocava em segundo plano o aspecto artístico da produção dos objetos, ou seja, como forma de manifestação cultural popular de uma região brasileira. Elas tinham um significado importante para as embarcações: espantavam maus espíritos, ajudavam às embarcações a não afundarem, afastavam as tempestades e atraiam muitos peixes.
A interpretação desta lenda que, cultivada e repassada coletivamente de forma oral, cristaliza-se como modo de difundir conceitos de proteção e esmero, vigília e prosperidade e apresenta-se, agora, aos visitantes do Minhocão.
Pernambuco, Bahia e Minas Gerais têm populações que cultivam a tradição de fabricação de carrancas.
(Via eCycle, com informações do Movimento 90º)
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