Calcutá, na Índia, lidera a lista de cidades cujas populações estão mais expostas a inundações costeiras
A organização Christian Aid lançou recentemente um novo relatório, o qual revela quais cidades do mundo têm maior risco de futuras inundações costeiras. O estudo intitulado Act Now Or Pay Later: Protecting a billion people in climate-threatened coastal cities mostra que mais de um bilhão de pessoas estão expostas a inundações costeiras até 2060 por causa da combinação do aumento do nível do mar, das tempestades e de condições meteorológicas extremas. Segundo o levantamento, as pessoas que vivem em três dos maiores poluidores do mundo são as que estão em maior risco: China, Estados Unidos e Índia.
De acordo com projeções para o ano 2070, apoiadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), Calcutá e Mumbai, ambas na Índia, lideram a lista de cidades cujas populações estão mais expostas a inundações costeiras, com 14 milhões e 11,4 milhões, respectivamente. As primeiras sete cidades da lista são da Ásia e são seguidas por Miami (EUA) no número oito. Porém Miami é a primeira da lista das cidades com maior impacto financeiro causado pelas inundações, com US$ 3,5 trilhões em ativos expostos.
Os EUA poderão vir a pagar um preço elevado por suas emissões de carbono per capita, as maiores do mundo, uma vez que Nova York vem em terceiro lugar na lista dos maiores prejuízos financeiros causados pelas inundações costeiras, com US$ 2,1 trilhões. Guangzhou, na China, ocupa o segundo lugar com a exposição de ativos de US$ 3,4 trilhões. No total, das 20 cidades mais vulneráveis financeiramente, metade são de um desses dois países: EUA (com quatro cidades) e China (com seis).
O autor do relatório, Alison Doig, principal consultor de Mudanças Climáticas da Christian Aid, disse que os números devem servir de alerta antes da Conferência Mundial da Ajuda Humanitária, que será realizada nos dias 23 e 24 de maio, em Istambul. "Estamos testemunhando a colisão de frente entre o crescimento das áreas urbanas costeiras e as mudanças climáticas que torna as inundações costeiras mais prováveis”, destacou. "Esta é a tempestade perfeita para gerar um custo humano e financeiro pesado - a menos que façamos algo a respeito."
Mais vulneráveis
Cruelmente, serão os pobres que sofrerão mais. Embora o custo financeiro para as cidades nos países ricos possa vir a ser incapacitante, as pessoas mais ricas, pelo menos, têm opções para se mudar e receber a proteção do seguro. Mas o que as evidências provam é que, de Nova Orleans até Daca (Bangladesh), são os mais pobres que estão mais vulneráveis, porque eles têm a pior infraestrutura e não há redes de segurança social ou financeira para ajudá-los a se recuperarem."
Doig acrescentou: "Há uma chance de evitar essa visão terrível do futuro. Chama a atenção o fato de que as cidades que enfrentam os impactos mais graves estão nos países com mais altas taxas de emissões de carbono. Portanto a primeira coisa que podemos fazer é acelerar a transição global dos combustíveis fósseis sujos para a energia limpa e renovável do futuro. Nós também podemos fazer mais para nos prepararmos para tais ocorrências. Gastar dinheiro agora com a redução do risco de desastres vai poupar dinheiro e vidas mais tarde".
Ajuda global
Antes da Conferência Mundial de Ajuda Humanitária, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que seja dobrado o percentual de ajuda global investido na redução dos riscos de desastres. Isso elevaria a cifra para US$ 1 bilhão. A Christian Aid está pedindo um aumento para 5%. Doig disse: "Este bilhões de dólares iriam de alguma forma ajudar a proteger as pessoas nessas cidades agora e aliviar a ameaça para os bilhões de pessoas vulneráveis ao risco de inundações costeiras em 2060."
O relatório também relaciona as nações que terão mais pessoas vivendo em zonas costeiras expostas em 2060. A China está no topo da lista, seguida por Índia e Bangladesh. O Reino Unido vem em 22º. Doig ressaltou: "No Reino Unido temos visto nos últimos anos como as enchentes de inverno inundam grandes partes do país. Mas esses números mostram que não é apenas com a maior quantidade de chuvas que precisamos nos preocupar. As pessoas que vivem nas nossas costas vão se tornar vulneráveis às marés crescentes a menos que façamos algo sobre as mudanças climáticas".
O relatório analisa ainda a forma como homens e mulheres são afetados diferentemente por desastres relacionados com o clima e conclui que as mulheres sofrem mais. Ele também mostra exemplos de onde a Christian Aid está fornecendo assistência prática para ajudar os mais vulneráveis a lidar com os impactos climáticos já enfrentados.
- O relatório completo pode ser acessado aqui -
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Redação iBahia
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