Refinaria transforma bagaço da cana de açúcar em combustível
Foto: Sweeter Alternative
Cento e trinta e sete especialistas de 24 países e 82 instituições debruçaram-se por dois anos sobre as diversas questões relacionadas com a produção e o uso de bioenergia e sustentabilidade e produziram o relatório Bioenergy & Sustainability.
O volume foi lançado na terça-feira, 14 de abril, na sede da Fapesp, durante o primeiro simpósio internacional para o lançamento do relatório e discussão das suas conclusões e recomendações.
O trabalho foi coordenado por cientistas ligados aos programas Fapesp de Pesquisa em Bioenergia, Mudanças Climáticas Globais e Biota – de pesquisa sobre a biodiversidade – e teve apoio da Fapesp e do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês), agência intergovernamental responsável pela iniciativa associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
No encontro, que teve a participação de pesquisadores e especialistas do Brasil e do exterior ligados a instituições de ensino e pesquisa e à indústria, além de representantes de organizações não governamentais, foram apresentados o estado e as tendências atuais na produção de bioenergia e seus efeitos na elaboração de estratégias nas áreas política, de inovação e de comunicação.
Com base em mais de 2 mil referências e estudos, o relatório fornece uma análise abrangente de tecnologias e práticas atuais da bioenergia, incluindo produção, sistemas e mercados, e o potencial de expansão sustentável e de maior adoção da bioenergia, em paralelo com uma revisão crítica dos seus impactos.
Expansão e impactos
Os autores consideraram como a expansão da bioenergia e seus impactos afetam os sistemas atuais de energia, a produção de alimentos, a segurança ambiental e climática e o desenvolvimento sustentável, tanto em regiões desenvolvidas como em desenvolvimento.
A partir dessa análise abrangente, os autores apresentam recomendações embasadas cientificamente para a adoção de políticas e a implantação de diferentes opções de uso da bioenergia, nas diferentes regiões do mundo: biocombustíveis líquidos, bioeletricidade, biogás e produtos químicos de base biológica, entre outros.
O relatório está dividido em cinco Seções, sendo a primeira de apresentação e a segunda um Sumário Executivo do relatório, abrangendo o Sumário Técnico e os Números da Bioenergia – amplo levantamento de dados de produção atual de biomassa e de uso da terra, de tecnologias de conversão e números referentes às necessidades futuras, considerando benefícios sociais e ambientais.
A Seção III traz as sínteses de temas transversais, cada um com suas respectivas conclusões e recomendações: segurança energética, bioenergia e segurança alimentar, segurança ambiental e climática, desenvolvimento sustentável e inovação e as lacunas do conhecimento para a expansão sustentável da bioenergia. A Seção IV apresenta o estado da arte levantado pelos experts que subsidiou um intenso debate dos especialistas de várias áreas ao definir as recomendações e destaques apresentados na Seção III, como uso da terra, fontes de biomassa para bioenergia, integração com agricultura e silvicultura, água e solo, emissões de gases de efeito estufa até os impactos dos biocombustíveis na biodiversidade e serviços ecossistêmicos e as questões sociais e econômicas envolvidas.
Destaques
O relatório Bioenergy & Sustainability confirma o valor da bioenergia como alternativa energética e para a redução dos impactos da queima de combustíveis fósseis. Destaca ainda as possibilidades de aumentar a segurança energética e a mitigação das mudanças climáticas pelo uso de tecnologias avançadas de conversão de biomassa, que também contribuiriam para compensar impactos ambientais negativos causados pelo desmatamento e degradação de terras cultivadas e pastagens.
Os autores concluem ainda que existem áreas suficientes no mundo para ampliação do cultivo de biomassa, que a maioria das terras está na América Latina e na África e que o uso dessas áreas não representa uma ameaça para a segurança alimentar e a biodiversidade. E confirmam evidências de que a adoção de tecnologias para melhoria do solo, a integração de cadeias produtivas e o uso de subprodutos da bioenergia em áreas rurais pobres podem melhorar o desempenho da economia, aumentar a qualidade dos alimentos, diminuir a poluição e criar empregos.
A íntegra do relatório Bioenergy & Sustainability está publicada em: bioenfapesp.org/scopebioenergy/index.php/chapters
(Via Agência Fapesp)
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