Passagem do furacão Isaac deixou estragos no Haiti e nos Estados Unidos. Foto: Official U.S. Navy Imagery
As recentes secas e incêndios de grandes proporções nos Estados Unidos, o furacão Isaac no Haiti e Nova Orleans (EUA) e o degelo recorde no Ártico bem que poderiam integrar o roteiro de um filme apocalíptico, mas fazem parte, na verdade, da realidade do clima mundial. Tamanhos desastres são o pano de fundo para uma reunião promovida pela ONU com especialistas sobre o tema que começa na quinta-feira, 30 de agosto, em Bangcoc, na Tailândia.
O encontro, que segue até o dia 5 de setembro, é preparatório para as negociações da 18ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-18), marcada para novembro, em Doha (Catar). "A reunião é aberta após o tufão mortífero na Coreia do Sul e o furacão que atingiu Nova Orleans no sétimo aniversário do Katrina, que são lembretes potentes da necessidade de reduzir as emissões de gás de efeito estufa (GEE)", definiu à AFP Marlene Moses, da ilha de Nauru, que preside a Aliança dos Pequenos Estados Insulares.
"As perspectivas de desenvolvimento, viabilidade e sobrevivência estão em jogo para estes Estados muito vulneráveis a qualquer aumento do nível das águas", acrescentou Moses.
Christiana Figueres observou a influência que as mudanças climáticas têm para intensificar os desastres naturais. Foto: JC McIlwaine/UN
Alguns especialistas consideram que o objetivo da ONU de limitar a alta das temperaturas a 2°C nas próximas décadas já está fora de alcance. Também afirmam que as secas, inundações e tempestades mais fortes coincidem com os modelos que vinculam as perturbações do sistema climático com as emissões de GEE.
"O que não podemos dizer é que um tufão em particular ou um furacão tenha sido necessariamente provocado pelas mudanças climáticas", ponderou Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Marco das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (CMNUCC). "Mas a frequência e a intensidade destes eventos são afetadas pelas mudanças climáticas", completou a autoridade costarriquenha.
Possível acordo futuro
Não é esperado nenhum avanço espetacular durante esta reunião, que reúne integrantes de 190 países. Mas os delegados querem progredir no projeto elaborado em dezembro de 2011 em Durban (África do Sul), durante a COP-17, para um acordo global em 2020 que reuniria todos os grandes emissores de GEE em um mesmo âmbito legal. Se for aprovado, como se espera, em 2015, este pacto se tornaria uma ferramenta essencial de luta contra o aquecimento.
Enquanto isso, os negociadores enfrentam o desafio de reabrir um segundo período de compromissos para o Protocolo de Kyoto (1997), a partir de janeiro de 2013. O tratado, cuja primeira fase expira em 31 de dezembro de 2012, é atualmente a única ferramenta jurídica vinculante que limita as emissões de GEE. Em vigor desde 2005, ele impõe objetivos de redução em 36 países industrializados que o ratificaram e a União Europeia.
O Canadá deu um golpe duro em 2011 contra o protocolo, quando decidiu abandoná-lo. Na ausência de Estados Unidos e dos grandes países emergentes, incluindo a China, que se converteu no maior emissor mundial de CO2, agora cobre menos de 30% das emissões globais.
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