Iodo excessivo na gestação e lactação está associado ao hipotireodismo na vida adulta do bebê
Foto: Gov/Ba
O consumo excessivo de iodo, encontrado no sal de cozinha, entre grávidas e lactantes, pode alterar a programação genética dos bebês e causar hipotireoidismo durante a vida adulta. Como a substância é considerada necessária para o desenvolvimento humano, a descoberta da pesquisadora da Universidade São Paulo (USP) Caroline Serrano do Nascimento revela a necessidade do equilíbrio: nem pouco, nem muito.
O iodo passou a ser adicionado ao sal de cozinha no Brasil desde os anos 1950, uma vez que, há décadas, descobriu-se que a deficiência desse mineral pode causar bócio - um aumento prejudicial no volume da glândula tireoide. A ausência do iodo na gestação está ainda associada a danos cerebrais nas crianças, pois os hormônios tireoidianos são essenciais no desenvolvimento do sistema nervoso central.
Experimento
Em seu estudo, contudo, a pesquisadora procurou descobrir o que acontece no organismo durante uma sobrecarga de iodo. Segundo conta, já é conhecido que o excesso agudo exerce um efeito inibitório no tireocito – a célula da tireoide que produz os hormônios tireodianos. “É um efeito rápido e adaptativo, que tem como função proteger a célula daquela sobrecarga momentânea”, explicou a especialista à Agência Fapesp. Entretanto, quando o consumo excessivo de iodo se torna crônico, o tireocito perde a capacidade de se adaptar e de escapar do efeito inibitório.
No início da gestação, o feto é totalmente dependente dos hormônios tireoidianos produzidos pela mãe e qualquer alteração hormonal nessa fase pode prejudicar gravemente o desenvolvimento fetal. O bebê desenvolve sua própria tireoide até os seis meses, mas ainda depende do aporte de iodo da mãe, feito pela placenta.
Consumo
Com novos estudos demonstrando que o consumo superior à dose diária recomendada, em torno de 150 microgramas, também pode prejudicar o funcionamento da tireoide, a Anvisa reduziu o iodo no sal de 20 a 60 miligramas por quilo, para 15mg/kg a 45 mg/kg. A diminuição ocorreu depois da constatação do Ministério da Saúde de que a população brasileira possui um consumo elevado de iodo.
Apesar de conhecer bem as consequências da ingestão excessiva de iodo, a especialista não defende a ideia de eliminar ou reduzir a adição do mineral ao sal. “Penso que o ideal seria investir em políticas públicas para reduzir o consumo de sal na população, pois dessa forma você evita não apenas prejuízos à tireoide como também doenças cardiovasculares. Com a atual redução, por outro lado, não se tem garantia de que as pessoas vão ingerir quantidades ideais de iodo se diminuírem o sal na alimentação”, avaliou.
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