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Sal em excesso durante gravidez e amamentação pode causar hipotireodismo na criança

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11/11/2013 às 12:15 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:19 - há XX semanas
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Iodo excessivo na gestação e lactação está associado ao hipotireodismo na vida adulta do bebê
Foto: Gov/Ba


O consumo excessivo de iodo, encontrado no sal de cozinha, entre grávidas e lactantes, pode alterar a programação genética dos bebês e causar hipotireoidismo durante a vida adulta. Como a substância é considerada necessária para o desenvolvimento humano, a descoberta da pesquisadora da Universidade São Paulo (USP) Caroline Serrano do Nascimento revela a necessidade do equilíbrio: nem pouco, nem muito.

O iodo passou a ser adicionado ao sal de cozinha no Brasil desde os anos 1950, uma vez que, há décadas, descobriu-se que a deficiência desse mineral pode causar bócio - um aumento prejudicial no volume da glândula tireoide. A ausência do iodo na gestação está ainda associada a danos cerebrais nas crianças, pois os hormônios tireoidianos são essenciais no desenvolvimento do sistema nervoso central.

Experimento

Em seu estudo, contudo, a pesquisadora procurou descobrir o que acontece no organismo durante uma sobrecarga de iodo. Segundo conta, já é conhecido que o excesso agudo exerce um efeito inibitório no tireocito – a célula da tireoide que produz os hormônios tireodianos. “É um efeito rápido e adaptativo, que tem como função proteger a célula daquela sobrecarga momentânea”, explicou a especialista à Agência Fapesp. Entretanto, quando o consumo excessivo de iodo se torna crônico, o tireocito perde a capacidade de se adaptar e de escapar do efeito inibitório.

No início da gestação, o feto é totalmente dependente dos hormônios tireoidianos produzidos pela mãe e qualquer alteração hormonal nessa fase pode prejudicar gravemente o desenvolvimento fetal. O bebê desenvolve sua própria tireoide até os seis meses, mas ainda depende do aporte de iodo da mãe, feito pela placenta.

No experimento conduzido por Nascimento, um grupo de ratas receberam água contendo uma dose de iodo cinco vezes maior que a recomendada – equivalente ao consumo dos brasileiros -, enquanto outro recebeu a dose considerada ideal. Aos 21 dias de idade, depois do desmame, as proles dos dois grupos passaram a receber quantidades ideais de iodo. Aos 90 dias de idade, os filhotes das ratas submetidas à sobrecarga de iodo haviam desenvolvido hipotireoidismo, enquanto os do grupo controle estavam com a tireoide saudável. As mães tratadas com excesso de iodo também tiveram hipotireoidismo, já no fim da amamentação.

Consumo

Com novos estudos demonstrando que o consumo superior à dose diária recomendada, em torno de 150 microgramas, também pode prejudicar o funcionamento da tireoide, a Anvisa reduziu o iodo no sal de 20 a 60 miligramas por quilo, para 15mg/kg a 45 mg/kg. A diminuição ocorreu depois da constatação do Ministério da Saúde de que a população brasileira possui um consumo elevado de iodo.

Apesar de conhecer bem as consequências da ingestão excessiva de iodo, a especialista não defende a ideia de eliminar ou reduzir a adição do mineral ao sal. “Penso que o ideal seria investir em políticas públicas para reduzir o consumo de sal na população, pois dessa forma você evita não apenas prejuízos à tireoide como também doenças cardiovasculares. Com a atual redução, por outro lado, não se tem garantia de que as pessoas vão ingerir quantidades ideais de iodo se diminuírem o sal na alimentação”, avaliou.

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