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"Se não for agora, quando será?", questiona negociador das Filipinas na COP-18

Em um dos momentos mais dramáticos da conferência, o chefe da delegação das Filipinas, Naderev Saño, promoveu um discurso sem meias palavras (característica incomum entre os colegas), cheio de lágrimas e com a voz embargada, no qual apelou ações mais urgentes aos representantes de 195 países presentes no evento. A COP-18 termina nesta sexta-feira, 7 de dezembro, em Doha (Catar).

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07/12/2012 às 12:51 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:49 - há XX semanas
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O abraço do desespero: Naderev Saño (de costas) recebe solidariedade após seu discurso inflamado na COP-18
Fotos: iisd.ca

Discursos fortes, clima de tensão e desânimo marcam a sexta-feira, 7 de dezembro, último dia da 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-18), realizada em Doha (Catar) desde 26 de novembro. Os pontos mais polêmicos das negociações ainda não foram acertados e a prorrogação do Protocolo de Kyoto segue incerta.

Em um dos momentos mais dramáticos da conferência, o chefe da delegação das Filipinas, Naderev Saño, promoveu um discurso sem meias palavras (característica incomum entre os colegas), cheio de lágrimas e com a voz embargada, no qual apelou ações mais urgentes aos representantes de 195 países presentes no evento.

"Por favor, chega de desculpas e atrasos. Abram os olhos para a dura realidade que nós enfrentamos. Se não for agora, quando será? Se não formos nós, quem será?", apelou Naderev na última plenária de discussões sobre a extensão do Protocolo de Kyoto na COP-18.

Por favor, chega de desculpas e atrasos. Abram os olhos para a dura realidade que nós enfrentamos"
Naderev Saño, negociador das Filipinas

O discurso do diplomata filipino gerou, além de uma enxurrada de lágrimas pelos corredores, muitas palmas por onde ele passou. O país dele acaba de ser atingido por um grande tufão que deixou mais de 500 mortos e centenas de desabrigados.

As principais organizações não-governamentais presentes em Doha fizeram um apelo conjunto contra a falta de ação concreta dos negociadores.

"Ao andar pelos corredores deste evento, não se percebe um senso de urgência. Não se transparece que o aquecimento global é uma realidade que está afetando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo", criticou Wael Hmaidan, da Can (Climate Action Network).

Financiamento emperrado

Como já era esperado, a questão do financiamento dos países desenvolvidos para que as nações em desenvolvimento combatam as mudanças climáticas emperra as negociações. Os governos mais ricos concordam com a urgência do problema, mas relutam a pagar a conta. Os emergentes, especialmente países africanos e as nações-ilhas, endureceram o discurso por mais verbas.

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Negociador das Filipinas é aplaudido nos corredores da plenária da COP-18

Durante a COP-15, na Dinamarca, ficou estabelecido que os países desenvolvidos doariam, em um chamado fundo rápido, US$ 30 bilhões até 2012. Mais US$ 100 bilhões seriam liberados por ano a partir de 2020. Ocorre que não foi feito um plano detalhado de como seria essa transferência.

As nações em desenvolvimento pressionam por um documento que detalhe um financiamento progressivo, algo intermediário antes do fim do prazo para não ficarem a ver navios até lá. Esses países estão pedindo US$ 60 bilhões escalonados até 2015 para combater e mitigar as consequência das mudanças climáticas.

Até agora, as verbas anunciadas, algumas de maneira bem genérica e não necessariamente com a aplicação que os países mais vulneráveis almejam, mal chegam a US$ 10 bilhões.

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