Região alterna períodos de seca com enchentes e população local sofre com inundações, falta de alimentos e dificuldades na mobilidade
Foto: Leosanchez2011/ Wikimedia Commons
Em cerca de três anos, dois extremos se opuseram na Amazônia. No dia 21 de maio de 2013, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Negro atingiu 29,87 metros (9 metros acima da média), ocasionando enchentes e prejudicando 77 mil famílias. Enquanto em 2010, a região vivia a pior seca dos últimos 40 anos. Um estudo científico, analisando os últimos 20 anos, indica que o ciclo hidrológico da Amazônia será cada vez mais imprevisível e com extremos.
Para se ter ideia, com a mais recente cheia, o Ministério da Integração Nacional confirmou a liberação de R$ 26,5 milhões para o Estado da Amazônia. A Defesa Civil amazonense declara que 49 municípios estão em situação de emergência devido às enchentes, enquanto três declararam calamidade, informou o Portal Amazônia.
O estudo intitulado Intensificação do ciclo hidrológico da Amazônia nas duas últimas décadas, publicado na Geophycal Research Letter, em 14 de maio, foi desenvolvido por cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Eles analisaram, mensalmente, o deságue do Rio Amazonas em Óbidos, no Pará. Este trecho do rio recebe 77% das águas da bacia amazônica. Os cientistas compararam com os padrões regionais de precipitação e com dados sobre a temperatura superficial das águas do Oceano Atlântico.
Aquecimento dos oceanos
A pesquisa indica que a existência dos extremos se deve ao aumento da temperatura das águas superficiais dos oceanos, geradora de vapor. Isso intensifica o ciclo hidrológico amazônico e aumenta o deságue durante períodos chuvosos, por exemplo.
Segundo o estudo, esse aquecimento também estaria relacionado à falta de chuvas na Amazônia. As grandes estiagens deixam rios da região com vazão abaixo da média e dificultam a navegação em algumas cidades. Por causa da seca e da redução da vazão, a navegabilidade dos rios fica comprometida.
Como em algumas cidades o caminho fluvial é o principal meio de chegada de alimentos, o abastecimento da população é prejudicado. As restrições à navegação também atingem o transporte de passageiros e veículos. Além disso, a seca também aumenta o surgimento de focos de incêndios e, por consequência, a liberação de CO2 na atmosfera, tornando o ar mais poluído.
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