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Maquete da empresa Siemens projeta a cidade do futuro, coberta pela chamada rede inteligente Foto: Worklife Siemens |
Embora Thomas Edison tenha inventado a lâmpada incandescente no distante ano de 1879, a verdade é que o sistema de distribuição de energia pouco mudou desde então. No entanto, uma alternativa cada vez mais estudada em nível mundial ganha corpo gradualmente: são as chamadas
smart grids (redes inteligentes).O principal objetivo do conceito
smart grid é melhorar o consumo energético, o que também inclui o aproveitamento de fontes renováveis (energia eólica e solar) e economia tanto para consumidores quanto para as concessionárias de fornecimento.
O que é?A ideia de implantação de uma
smart grid envolve, primeiramente, a troca do medidor de energia convencional (analógico) por um mais inteligente (digital), capaz de promover um maior controle por parte da geradora de energia e do consumidor. A tendência é a de que estes novos medidores tenham
chips e sejam conectados à internet para transmitir dados. O sistema inteligente busca combater a ineficiência energética, que pode ser entendida como a perda de energia ao longo da transmissão.
Benefícios- Teoricamente, a eficiência na transmissão de eletricidade pelos novos cabos será muito superior, já que eles serão supercondutivos. Como resultado, poderão levar energia a áreas distantes.
- Outra vantagem é que quando um nó do sistema sofrer uma pane, a rede inteligente será capaz de evitar apagões generalizados ao mudar o caminho por onde circula a energia (self-heals). em vez da dependência de grandes usinas que abastecem a rede toda, a smart grid poderá, ao longo do caminho, usar pequenas usinas, abrindo mais espaço para energia eólica, solar e hidroelétrica. Tal flexibilidade tende a também facilitar o uso variado da energia, como para o abastecimento de veículos híbridos, movidos a gasolina e baterias.
- Com os novos medidores é possível saber com mais precisão quanto cada aparelho gasta.
- Também é viabilizada a redução dos roubos de energia ("gatos") e a definição do padrão de consumo de cada residência.
- Os dados de qualidade ou falhas de transmissão são monitorados pelas concessionárias e servem para os governos monitorar a qualidade de energia.
- Aparelhos programados para não funcionar em horários de pico.
- A descentralização da produção de energia, capaz de fazer com que qualquer um possa produzir, armazenar ou até mesmo vender o excedente contribuiriam para que a fatura de luz diminua ao final do mês.
- Sustentabilidade ambiental, já que a rede integra fontes renováveis de energia e o desperdício é evitado.
EntravesA implantação do sistema
smart grid no Brasil é possível, mas requer uma verdadeira revolução energética. Um dos fatores a serem observados é o custo de implantação dos medidores eletrônicos, que atualmente gira em torno de R$ 250 (cada).De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) existem, aproximadamente, 65 milhões de medidores analógicos no país. A regulação dos modelos digitais ainda nem saiu do papel, mas a previsão é que em no máximo dez anos todos os medidores sejam trocados.Além da mudança de leitores, toda a infraestrutura de captação de dados provenientes destes aparelhos precisa ser criada ou aprimorada, do contrário, não há como medir o consumo ou detectar os problemas.
TestesMas não pense que as redes inteligentes estão mais próximas dos filmes de ficção científica do que da nossa realidade. Quer um exemplo? A cidade de Boulder, no estado do Colorado (EUA), já tem servido de testes, por meio de algumas residências, e os resultados de até então são considerados satisfatórios.O governo norte-americano aprovou em 2009 a liberação de US$ 3,4 bilhões para uma projeto de demonstração da
smart grid. O projeto como um todo custará muito mais do que isso e exigirá de 20 a 25 anos para ser implementando. Na Austrália, o governo ofereceu 100 milhões de dólares australianos para quem queira testar tecnologias em uma cidade modelo.No Brasil, o engenheiro mecânico e empresário cearense Fernando Ximenes desenvolveu recentemente o promeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por energias eólica e solar. A empresa dele, a Gram-Eollic, já conta com apoio do governo do Estado do Ceará. O Ministério de Ciência e Tecnologia, por sua vez, designou um grupo de especialistas par analisar a viabilidade da
smart grid.