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Sociedade civil critica segunda rodada de negociação do documento final da Rio+20

Representantes do setor privado e de organizações não governamentais contestaram na sexta-feira, 4 de maio, em Nova York, o processo de negociação e o conteúdo do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). As reclamações foram apresentadas a jornalistas em entrevista coletiva organizada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) da ONU. Mais um debate informal será realizado antes da cúpula.

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07/05/2012 às 11:10 • Atualizada em 27/08/2022 às 11:06 - há XX semanas
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Marcelo Furtado (à esq.), do Greenpeace, afirmou que há uma "lavagem cerebral"/Foto: Lunaé Parracho/Greenpeace

Representantes do setor privado e de organizações não governamentais contestaram na sexta-feira, 4 de maio, em Nova York, o processo de negociação e o conteúdo do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). As reclamações foram apresentadas a jornalistas em entrevista coletiva organizada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) da ONU.

A segunda rodada de negociações informais acabou na sexta-feira e os governos solicitaram mais um debate informal. O Secretariado da Rio+20 anunciou que esse diálogo será realizado de 29 de maio a 2 de junho, também em Nova York.

Segundo o diretor executivo do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, está havendo uma “lavagem cerebral”. O ambientalista considera “inaceitável (admitir) compromissos voluntários”. Furtado defende que, para atingir o futuro que a sociedade deseja, todos os governos assumam as mesmas responsabilidades.

Na opinião do Greenpeace, negociadores avaliaram o que foi feito nos últimos 20 anos e, em vez de propor soluções imediatas, estão pedindo mais 20 anos para agir. “O documento precisa receber um tratamento político”, afirma Furtado, ao enfatizar a necessidade de abordar transferência de tecnologia para transformações reais. “Minha maior preocupação é a falta de prioridade e de liderança.”

Para Adrian Fernandez, da Earth in Brackets Youth, as negociações estão muito lentas, sem concessões e os países só defendem os próprios interesses. “Eles dizem que não há dinheiro. Dizemos que há, mas está no lugar errado.” O boliviano pede que os governos considerem o impacto no mercado de trabalho para jovens ao elaborar suas políticas.
Fernandez critica ainda os rumos das discussões sobre a Rio+20. “Parece que mudamos para economia verde e que o desenvolvimento sustentável tornou-se secundário.”

Já a presidente da força tarefa de economia verde da Câmara Internacional do Comércio, Martina Bianchini, afirma que o setor privado “não diferencia investimentos em verde e marrom nem há coluna para economia verde, mas que sabe aonde tem de chegar”. Segundo Bianchini, as prioridades para a Rio+20 são: inovação, cooperação e governança.

O setor privado reclama da falta de espaço para negociar pontos do documento final da Rio+20: “Somos um dos nove Major Groups e nossa condição de fazer parte do processo não é tão grande como achamos que deveria ser”, aponta Bianchini. “Estamos fora da mesa de negociações.”

Representante da Ibon International, baseada nas Filipinas, Paul Quintos observa que o conceito de economia verde é “profundamente preocupante, especialmente para as ONGs que vão participar da Cúpula dos Povos” e que o ideal seria promover a economia sustentável. Para ele, há muita ênfase no papel do setor privado, mas governos também devem assumir responsabilidades.

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