Passageiros em ônibus de Tallinn, primeira capital europeia a oferecer o serviço gratuito
Foto: Raigo Pajula/France Press
As manifestações populares realizadas no Brasil em junho de 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas para reivindicar direitos básicos, incluíram como uma de suas principais pautas a melhoria do transporte público. Nesse sentido, a tarifa zero (ou passe livre) foi um dos temas de maior destaque. Em uma cidade europeia, o que mais parece uma vã utopia é a plena realidade.
Tallinn, na Estônia, desenvolve atualmente a maior iniciativa europeia para a implementação de um serviço de transporte público gratuito. O sistema engloba cerca de 426 mil pessoas e 480 veículos coletivos.
Em março de 2012, a cidade de cerca de 430 mil habitantes passou por um referendo para decidir se alterava o sistema de tarifa do transporte público. Cerca de 20% dos eleitores locais participaram e a proposta de gratuidade venceu por 75,5%. Com isso o município decidiu investir no projeto, e começou com a introdução do sistema de cartão de viagem inteligente para a coleta dos dados.
Funciona assim: a gratuidade é reservada aos 420 mil moradores de Tallinn. Só é preciso pagar dois euros pelo cartão magnético pessoal que comprova a residência na cidade e que dá acesso gratuito aos ônibus, trens e bondes.
Para ter o direito de usar o sistema de graça, as pessoas que moram na cidade devem mudar oficialmente seu domicílio para lá, o que faz com que boa parte de seus impostos seja destinada para a prefeitura local.
Infraestrutura
Foram comprados 70 novos ônibus e implantadas 15 novas linhas de bonde. E foram criadas faixas exclusivas de ônibus nas principais avenidas.
Além disso, foi instalado na cidade inteira um sistema de informação em tempo real com os horários e percursos do transporte público na cidade.
"Tivemos essa ideia há um ano e constatamos que nas primeiras semanas o número de pessoas que usa o transporte público aumentou , portanto decidimos aumentar o número de ônibus em serviço", destacou à AFP o prefeito adjunto de Tallinn, Taavi Aas.
Custos
Mas para o município, a gratuidade tem um custo. "Este ano ficaremos sem os 12,4 milhões de euros da venda de bilhetes, uma soma que cobriria 23% da totalidade dos custos do transporte público em Tallinn", explicou Toomas Pirn, porta-voz da prefeitura.
"Uma parte desse valor será compensada pelo aumento dos impostos correspondentes à chegada de novos moradores. Este ano, a população aumentou em 3.696 pessoas e continua aumentando", observou Pirn.
O objetivo, agora, é atingir uma redução nas emissões de dióxido de carbono de 45.000 toneladas anuais e uma queda nos índices de ruído.
Nos primeiros quatro meses:
- O uso de transporte público subiu 14% e o de carros caiu 10%;
- Houve uma redução de acidentes de trânsito de 15%;
- 75% dos cidadãos de Tallinn estão felizes com a iniciativa;
- 50% dos cidadãos de Tallinn já utilizaram o serviço;
- Tallinn comprou 70 novos ônibus e 15 novas linhas de bonde;
- Outras iniciativas semelhantes pelo mundo: Aubagne (França), Hasselt (Belgica), Chengdu (China), Paulínia-SP (Brasil).
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