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Tatu-bola: o embaixador da preservação na Copa do Mundo 2014

O tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), mamífero brasileiro que corre o risco de extinção, foi escolhido como a mascote da Copa do Mundo de futebol, marcada para 2014 no Brasil. Antes de a Federação Internacional de Futebol (Fifa) anunciar a escolha, a sugestão havia sido feita em fevereiro pela ONG cearense Associação Caatinga.

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13/09/2012 às 10:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 14:24 - há XX semanas
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A escolha do tatu-bola para mascote vai possibilitar maior visibilidade ao animal ameaçado de extinção
Foto1:mottazoo/Foto2: Divulgação

O tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) mamífero brasileiro que corre o risco de extinção foi escolhido como a mascote da Copa 2014 no Brasil após ter sido sugerido pela ONG cearense Associação Caatinga, em fevereiro. Ele concorria com o jacaré, com o mico-leão-dourado, com a arara e com a onça.

Segundo o secretário executivo da Associação Caatinga e coordenador da Campanha Tatu Bola para Mascote da Copa 2014, Rodrigo Castro, toda a articulação começou em janeiro de 2012, quando a entidade procurava alguma forma de envolver a questão ambiental na luta pela Caatinga, dentro do contexto de um evento tão grandioso e de âmbito mundial, como a Copa.

Muita gente caça tatu para comer a carne e usar sua armadura, muito resistente, para fazer utensílios. É bom lembrar que o tatu pode transmitir toxoplasmose pela carne

O tatu foi sugerido por se enquadrar nos critérios que a Fifa estabeleceu para a escolha da mascote. O animal tinha que representar a identidade do povo, assim como a rica biodiversidade, além de ser uma ideia inovadora.

Na opinião de Castro, a escolha do tatu foi perfeita, porque o animal também representa as muitas outras espécies que estão ameaçadas nas regiões da Caatinga e do Cerrado, assim como alerta para a necessidade de promover a preservação da biodiversidade dessas regiões. “É como se ele fosse um porta-voz, um embaixador da preservação”, ressaltou Castro.

Ainda de acordo com o coordenador, a escolha foi de grande importância para a preservação do animal. “Essa escolha vai permitir maior visibilidade para a espécie, que é pouco conhecida não só no exterior, mas também no próprio Brasil. Poderemos conhecer melhor o tatu-bola, saber a situação de ameaça que ele se encontra”.

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A Caatinga é o principal habitat dos tatus-bola, e também precisa de mais visibilidade
Foto: Glauco Umbelino

A espécie é endêmica, ou seja, existe apenas no Brasil, e mesmo com a caça proibida no país, trata-se do tatu mais ameaçado, porque, como não cava bem como outras espécies, acaba se tornando uma presa fácil. Castro conta que o animal vem desaparecendo há muito tempo, no entanto, nos últimos 10 anos esse número aumentou de forma significativa. Ele explica também que a caça já foi o principal motivo na redução da quantidade dos animais, mas, atualmente, a causa está no desmatamento, nas queimadas e na conversão de áreas naturais em urbanas e agrícolas.

A situação é realmente muito crítica e essa mobilização da mídia, sociedade e do evento é justamente para tentar ajudar a reverter essa situação e pelo menos reduzir o nível de ameaça que a espécie vem sofrendo"
Rodrigo castro, coordenador da Associação Caatinga

O monitoramento da espécie é feito pela IUCN, que na lista vermelha atual classifica o tatu-bola como “vulnerável”. Porém, na última reclassificação feita em junho, que deve ser publicada até o final do ano, o animal vai entrar como “criticamente ameaçado”, deixando-o mais próximo do nível “em processo de extinção na natureza”.

“A situação é realmente muito crítica e essa mobilização da mídia, sociedade e do evento [Copa] é justamente pra tentar ajudar a reverter essa situação e pelo menos reduzir o nível de ameaça que a espécie vem sofrendo”, reiterou Castro.

Ele ainda acredita que a Copa do Mundo pode viabilizar patrocínios e apoios no projeto de conservação da espécie, que a Associação Caatinga está coordenando em parceria com a IUCN. A expectativa agora está no anúncio oficial, que será feito no domingo, 16 de setembro.

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O tatu-bola é o menor e o mais ameaçado das espécies
Foto: Brazilian NGO Caatinga

Conheça mais o tatu-bola

O tatu-bola leva esse nome por causa da transformação que ocorre em sua forma de defesa. Ele se enrola completamente, sendo que o rabo e a cabeça se adaptam como em um quebra-cabeça, protegendo o corpo do tatu - o que não o defende do ser humano, pois facilita a captura.

O tatu-bola já desapareceu em Sergipe e no Ceará, mas ainda existe na Bahia, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, nas regiões ainda despovoadas.

Ele é o menor tatu brasileiro - mede cerca de 50 centímetros de comprimento. O animal enxerga e ouve mal, mas o olfato é bem aguçado. É poderoso escavador e sua toca possui diversos corredores e câmaras.

É terrestre, solitário e tem hábito principalmente noturno e crespular, alimentando-se de insetos como cupins e formigas, mas sua dieta pode incluir também outros animais e vegetais.

O período de gestação é de quatro meses, com o nascimento de um a dois filhotes.

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