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TEDxPelourinho dá pistas para tornar as cidades inteligentes

Uma cidade inteligente é aquela feita para e por pessoas inteligentes, que utilizam a tecnologia como ferramenta de empoderamento e participação coletiva. Este foi o tom que ecoou na fala da maioria dos 14 palestrantes do TEDxPelourinho, que ocorreu no dia 22 de setembro em Salvador.

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25/09/2012 às 13:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:39 - há XX semanas
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Ives Quaglia apresentou seus projetos e os instrumentos de papel com que trabalha
Foto: divulgação

Uma cidade inteligente é aquela feita para e por pessoas inteligentes, que utilizam a tecnologia como ferramenta de empoderamento e participação coletiva. Este foi o tom que ecoou na fala da maioria dos 14 palestrantes do TEDxPelourinho 2012, que ocorreu no dia 22 de setembro em Salvador.

Com o tema “Cidades Inteligentes”, a segunda edição do evento trouxe à tona alguns aspectos necessários para melhorar a vida urbana a duas semanas das eleições municipais. A mistura das exposições não deixa dúvida de como uma cidade inteligente deve ser: planejada para ser ocupada por pessoas, com ciclovias e centros revitalizados, por exemplo; com instrumentos de participação coletiva e empoderamento dos cidadãos; solidária; inclusiva; saudável; verde; em suma, humana – no melhor sentido da palavra.

Planejar

"Não existe nada mais inteligente do que uma cidade pensada para pessoas", afirmou, logo de cara, o doutorando em Urbanismo Pablo Floretino. Segundo ele, as cidades de hoje são projetadas para coisas. Prova disso é a mobilidade: são necessários mais de 430 campos de futebol para estacionar todos os carros alinhados de Salvador, diz Florentino. A capital baiana é a cidade mais cara para se locomover: as pessoas gastam 20% do seu salário, conta ele.

Sem espaço no planejamento das cidades, segundo conta, as pessoas estão migrando para as "novas praças": os shoppings centers. Para ele, as cidades estão sendo configuradas de acordo com uma “arquitetura do medo”, onde os espaços de lazer e entretenimento ficam encarcerados em condomínios fechados privativos.

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O artista plástico dos Canteiros Coletivos faz sua arte
Foto: divulgação

Não há dúvida que pensar em novas dinâmicas para um mundo cada vez mais urbano é urgente. Um em cada cinco habitantes do planeta vive atualmente em uma das 400 megacidades globais, conforme o economista Cezar Taurion. "É o século das cidades", diz.

Cidades inteligentes são um lugar onde as pessoas são protagonistas"
Gabriel Medeiros, ativista

Grande entusiasta das ferramentas digitais, Taurion acredita que a tecnologia é um instrumento para superar os problemas das grandes cidades. “A cidade é um sistema de sistemas, e a tecnologia nos permite pensarmos diferente", afirma. Para ele, é imprescindível que coloquemos a tecnologia para melhorar os problemas das cidades. Avanços tecnológico para isso já temos: "Um smartphone tem o dobro da tecnologia que a Nasa tinha quando mandou o homem à lua".

Outra estratégia para desenvolver uma cidade inteligente é a aposta na Economia Criativa – setor que contempla atividades produtivas que têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico. "No Brasil temos muitas cidades com ativos criativos, mas ainda falta políticas públicas bem fundamentadas", afirma o mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, Richard Alves. "Tenho a crença que a criatividade é a base para o desenvolvimento das pessoas e das cidades".

Verde

Estamos vivendo um tempo de mudanças e, para tanto, são necessários novos parâmetros, segundo afirmou o engenheiro e músico Txai Brasil. Doutor em meio ambiente, ele ressaltou a importância da existência de árvores no meio urbano. "Antes, a gente achava que árvore urbana era paisagismo. Hoje tenho certeza que é inteligência, sobrevivência", conta ele, e informa os inúmeros benefícios que o plantio pode proporcionar: desde a regulação do clima e a retirada de impurezas na atmosfera, até a proteção do solo e a produção de oxigênio.

Mais da metade das árvores de Salvador são exóticas, vindas da África e Ásia. Somente 17% são nativas da cidade.

Txai, que já coordenou cerca de 1.300 planos de compensação de emissões por restauro florestal e viabilizou o plantio de mais de 2 milhões de árvores nativas, salientou ainda a necessidade das pessoas se apropriarem do espaço público. "As praças do meu bairro são minhas".

Criadora do projeto Canteiros Coletivos, uma iniciativa de recuperação de áreas verdes urbanas da capital baiana, a jornalista gaúcha Débora Didonê, também acredita que o cidadão deve se sentir responsável pela cidade. "Eu não sou só eleitora, também quero participar da gestão da cidade. Assim, quero convidar a todos a não ser meros moradores, mas participantes da transformação da cidade onde vivem", enfatiza.

Engajamento

E é a partir da iniciativa de enxergar o espaço público como seu que as pessoas tornam uma cidade inteligente. “Para mim cidades inteligentes são um lugar onde as pessoas são protagonistas", afirmou o publicitário Gabriel Medeiros. Co-fundador do coletivo Shoot The Shit, que atua no desenvolvimento de cidades e engajamento local. Medeiros contou como um vídeo postado na internet, em que ele e seus amigos jogavam golfes com os buracos, resultou no recapeamento do asfalto do seu bairro. "Se tivéssemos ido bater panela não teria funcionado tanto”, conta. Apesar da solução rápida, menos de uma semana depois, os buracos voltaram a surgir, o que fez eles repensarem o problema como um todo.“Precisamos pensar não em um sistema para tapar rápido, mas para não surgir”, conta.

Segundo ele, as pessoas se interessam mais pela cidade quando fazem parte da mudança. “Uma cidade inteligente estimula que as soluções venham da base”, diz. Para ele, a fórmula para que as pessoas se engajem consistem em três passos dados por diferentes atores: pelo governo, a criação, ou revitalização, de espaços públicos para que as pessoas conversem entre si e inovem; pelas empresas, o apoio de novas ideias e pessoas engajadas; e, por fim, pelas pessoas: “Façam! O poder está nas mãos de vocês, mas é preciso levantar da cadeira para fazer acontecer".

Um povo que não conhece seu passado, não vive o presente e jamais poderá preservar seu futuro"
Clarindo Silva, dono do restaurante Cantina da Lua

"Devemos pensar: o que eu posso fazer para ter uma cidade inteligente?!", ressaltou a diretora da Dossier Digital, primeira empresa de negócios sociais da Bahia, Letícia Lisboa. E você pode começar a pensar descobrindo a sua própria cidade. “Um povo que não conhece seu passado, não vive o presente e jamais poderá preservar seu futuro”. Esta foi a principal lição passada por Clarindo Silva, que há mais de meia década toca um restaurante no Pelourinho, sobre o processo de revitalização do Centro Histórico de Salvador, atualmente degradado. "A questão não está na cabeça e sim no coração", definiu o sociólogo Geraldo Soares, sobre a necessidade de sermos mais sensitivos e solidários.

Saúde

Fazer com os governos enxerguem a população não como eleitores ou simples reivindicadores, implica que também invistam em qualidade de vida. O cirurgião plástico Victor Sorretino ressaltou em sua fala sobre a necessidade de investir na saúde dos cidadãos. Segundo ele, 85% dos gastos públicos com saúde são feitos nos dois últimos anos de vida, situação que poderia mudar se esses recursos fossem direcionados verdadeiramente para prevenção.

Um exemplo é a alimentação, que é impossível ser 100% saudável, segundo conta. "O leite de vaca de hoje é veneno. Bem diferente do que nossas avós tomavam", revela ele, afirmando ainda que suco de caixinha e refrigerante têm gerado uma epidemia de doenças de fígado em crianças. “Um terço da sua vida você passa dormindo e 1/5 incapacitado. Nós não fomos feitos para viver nem 80 nem 150 anos. Os seres são programados para morrer ao final de sua vida reprodutiva", conta Sorretino.

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