Os presidentes de China e EUA, Xi Jinping e Barack Obama, estiveram reunidos recentemente para tratar do tema
Foto: Lan Hongguang/Xinhua
Os maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa, China e Estados Unidos, concordaram recentemente em restringir esses poluentes, sobretudo os HFCs (hidrofluorcarbonos). Se eles conseguissem eliminar de vez esses poluentes, o aquecimento global poderia ser contido em até 0,5ºC até 2050, segundo estudo publicado na quarta-feira, 12 de junho, por organizações não governamentais.
O relatório, divulgado no mesmo período em que são realizadas as negociações climáticas da Organização das Nações Unidas em Bonn, na Alemanha, destaca que um novo acordo entre as duas potências para reduzir as emissões de HFCs "pode fazer a diferença". "Se conseguirmos remover os HFCs, teríamos benefícios significativos", destacou à agência de notícias AFP Bill Hare, diretor do Climate Analytics, coautor do estudo.
Se os HFCs forem eliminados globalmente, isto "poderia resultar em uma redução do aquecimento entre 0,1 ºC e 0,5 ºC", estimou Hare. O cálculo se baseia em uma contenção mundial que, até 2020, poderia poupar a atmosfera de emissões anuais equivalentes a cerca de 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou aproximadamente o que a Espanha emite em um ano.
Geradas especialmente pela produção em países em desenvolvimento, as emissões de HFCs têm uma perspectiva de crescimento da atual uma gigatonelada (1 Gt, ou seja, um bilhão de toneladas) de CO2 equivalente (CO2e) por ano, para de quatro a nove GtCO2e ao ano em 2050.
Os Estados Unidos e a China respondem juntos por mais de 40% das emissões globais. O relatório também advertiu que o aquecimento global tem a probabilidade de exceder, talvez até dobrar, a meta de 2ºC estabelecida pela ONU para uma mudança climática administrável.
Com base em diferentes relatórios sobre tendências de emissões, o mundo provavelmente ficará 3,8ºC mais quente em 2100, com 40% de probabilidade de exceder os 4ºC, e 10%, os 5ºC, alertou o estudo.
"Estamos nos defrontando com uma imagem muito perturbadora", observou Hare. "Estamos ficando cada vez mais céticos quanto a possibilidade de que os compromissos (dos governos) sejam totalmente implementados", acrescentou o diretor do Climate Analytics.
Pré-COP-19
O relatório foi divulgado durante a última rodada das negociações climáticas globais em Bonn, que termina no sábado (15). O encontro tem tropeçado em objeções procedimentais dos russos. O processo atual da ONU, que busca um novo acordo em 2015 para conter as emissões de gases-estufa causadoras do aquecimento global, tem sido contido desde o princípio por minúcias e defesas de interesses nacionais.
Desta vez, a Rússia, apoiada por Belarus e Ucrânia, congelou o trabalho de um dos três corpos técnicos, o Corpo Subsidiário de Implementação (SBI), que pretende apresentar um importante trabalho de campo na 19ª Conferência das Partes da ONU sobre o Clima (COP-19), prevista para novembro, em Varsóvia (Polônia).
Moscou considera que suas objeções foram ignoradas na COP-18, celebrada em Doha, em dezembro de 2012, pelo presidente catari da conferência, que aprovou um acordo estendendo o Protocolo de Kyoto até 2020 para conter as emissões de gases-estufa.
A decisão de Doha paralisou a venda planejada por Moscou de 5,8 bilhões de toneladas de créditos de carbono, acumuladas durante a primeira rodada do protocolo, que expirou no final de 2012.
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