Uma das cidades mais belas do mundo, Rio de Janeiro completa 450 anos neste domingo
Foto: Adhemar Duro
Por Jorge Couto*
A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi fundada a 1º de março de 1565 por Estácio de Sá num istmo entre os morros de São João e do Pão de Açúcar, na margem ocidental da Baía da Guanabara. Mem de Sá transferiu-a em 1567, por razões defensivas, para o morro de São Januário (Castelo).
O sucesso da urbe ficou a dever-se à conjugação de um hinterland fértil, de um magnífico porto, da localização estratégica da baía da Guanabara e de uma população empreendedora. Estes fatores tornaram-na no grande entreposto comercial do Brasil com a bacia platina, África e a Metrópole. A participação nas rotas do ouro proporcionou-lhe um impulso adicional de dinamismo econômico. Pela sua importância, foi elevada, em 1763, a capital do Estado do Brasil.
A transferência da Corte conferiu-lhe o estatuto de capital do Império Português (1808-1821) e contribuiu para a unificação do Brasil. A criação da estrutura institucional, de estabelecimentos de ensino e de instituições científicas e culturais concorreram para ampliar o seu prestígio. Tornou-se na sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve em 1815. Continuou a garantir a centralidade política no Império (1822-1889) e na República até 1960, aquando da transferência do poder federal para Brasília.
A atividade econômica atraiu muitos migrantes e incentivou a aquisição de numerosos escravos africanos. Após a abolição da escravatura (1888), verificou-se um enorme afluxo de imigrantes europeus. A estrutura urbana não estava preparada para acolher uma tal quantidade de novos moradores, tendo-se multiplicado os cortiços. Após as intervenções urbanísticas do início do século 20, a população pobre foi forçada a abandonar o centro e a estabelecer-se em favelas nas encostas dos morros.
A cidade tem enfrentado numerosas dificuldades decorrentes da elevada concentração populacional e da grande desigualdade social. A marginalidade, o tráfico de droga e a violência têm assombrado a vida dos cariocas. Nos últimos tempos, foram postas em prática políticas que procuram combater as causas dos problemas sociais.
Além da espantosa beleza natural, do valioso patrimônio cultural e da hospitalidade dos seus habitantes, devemos à Cidade Maravilhosa ter inspirado criações ímpares na literatura, na música ou na produção audiovisual. Sem o Rio não teríamos os romances de Machado de Assis, a poesia de Carlos Drummond de Andrade, o samba, a bossa nova, as canções de Vinícius de Moraes, de Tom Jobim e de Chico Buarque ou as telenovelas da Globo.
*Historiador português. Coordenador da obra Rio de Janeiro, capital do Império Português (1808-1822).
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!