A pesquisa rastreou nove mil populações de mais de 2.600 espécies/Foto: Agência de Notícias do Acre
Os atuais níveis de consumo e emissão de carbono, que se reflete na biodiversidade do plantes, ameaça a segurança, a saúde e o bem-estar futuros. A afirmação é do Relatório Planeta Vivo 2012, lançado nesta terça-feira, 15 de maio, pela organização WWF. O documento, que foi produzido com a colaboração da Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network (Rede da Pegada Mundial), foi apresentado na Estação Espacial Internacional pelo astronauta holandês André Kuipers.
“Temos apenas um planeta. Daqui de cima, posso ver a pegada da humanidade, inclusive os incêndios florestais, a poluição do ar e a erosão – são desafios que se refletem nesta edição do Relatório do Planeta Vivo”, afirmou Kuipers, ao apresentar o relatório durante sua segunda missão espacial. “Embora o planeta sofra pressões insustentáveis, nós temos a capacidade de salvar o nosso lar, não apenas em nosso próprio benefício mas, sobretudo, para as próximas gerações”, explicou Kuipers.
Segundo a WWF, caso o mundo não resolva o problema até 2030 seriam necessários dois planetas Terra para sustentar a atividade humana. Porém, os governos mundiais não estão no caminho para definirem um acordo para a preservação dos recursos naturais durante a Rio+20. "Não acho que alguém conteste que não estamos nem perto de onde deveríamos a um mês da Rio+20 em termos do progresso das negociações e de outros preparativos", afirmou o diretor-geral da WWF Internacional, Jim Leape, publicou a Reuters Brasil.
"Acho que todos nós estamos preocupados de que os países negociando no sistema da ONU um resultado para o Rio ainda não demonstraram disposição de realmente intervir para enfrentar esses desafios. Essas negociações ainda estão claramente emaranhadas. Vivemos como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Utilizamos 50% mais recursos do que o planeta Terra pode produzir de forma sustentável", acrescentou Leape.
Estudo
O relatório utilizou o Índice Planeta Vivo para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta. A pesquisa rastreou nove mil populações de mais de 2.600 espécies e concluiu que houve uma diminuição de 28%, desde 1970. A modificação é mais acentuada nos trópicos, onde foi constatado um declínio de 60% em menos de 40 anos. A biodiversidade também se encontra em uma tendência descendente, a Pegada Ecológica do Planeta Terra, que ilustra como a nossa demanda por recursos naturais se tornou insustentável.
O diretor do Programa de Conservação da Sociedade Zoológica de Londres, Jonathan Baillie, destacou o impacto do crescimento da população humana e o consumo excessivo como sendo os principais responsáveis da pressão sobe o meio ambiente. “Esse relatório é como um check-up do planeta e os resultados indicam que ele está muito doente. Se ignorarmos este diagnóstico, isso terá implicações importantes para a humanidade. Nós podemos restaurar a saúde do planeta, mas somente iremos conseguir isso se abordarmos as raízes das causas, que são o crescimento populacional e o consumo excessivo”, destacou.
O relatório também relatou o impacto da urbanização como uma dinâmica crescente. Até 2050, duas em cada três pessoas viverão em uma cidade, e a humanidade precisará desenvolver formas novas e aperfeiçoadas de gestão e manejo dos recursos naturais.
Os dez países com a maior Pegada Ecológica por pessoa são: Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda. Foi detectado que, os países com renda elevada é, em média, cinco vezes mais ecológico que os de baixa renda.
Porém, de acordo com a pesquisa, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais veloz nos países de baixa renda. A situação demonstra que as nações mais pobres e mais vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos países mais ricos.
Para reverter o declínio apresentado pelo Índice Planeta Vivo e diminuir a Pegada Ecológica, o relatório apresentou soluções listadas como 16 ações prioritárias, que inclui melhoria nos nos padrões de consumo, com a atribuição de valor econômico ao capital natural, e a criação de marcos legais e políticos para uma gestão equitativa de alimentos, água e energia.
Lançamento
A versão completa do relatório está disponível apenas em inglês, mas o WWF-Brasil lançou também 15 de maio, em Brasília, a versão reduzida do estudo, o Sumário Relatório Planeta Vivo, a Caminho da Rio+20. A publicação traz os principais resultados do relatório e uma análise da situação ambiental do planeta nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92 até a Rio+20.
O evento contou com presença de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a ver o planeta do espaço. Ele falou sobre a experiência de ver a terra de longe. "Eu gostaria que todas as pessoas tivessem a oportunidade de ver o planeta do alto. A essa distância, é possível ver o quanto ele está sendo degradado", contou ao WWF Brasil. De acordo com Pontes, é muito bom ter o conforto que a cidade oferece mas isso não pode ser feito a custa de destruir nossos recursos naturais, o que vem acontecendo em um ritmo acelerado. "As cidades, vistas do espaço, são como cicatrizes no planeta. O ideal é que elas fossem tatuagens e não cicatrizes", comparou.
- Conheça o Resumo do Relatório em Português (PDF) -
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