Para Heinrich Zimmer (1890 – 1943), indólogo e historiador da arte, contar histórias tem sido, ao longo das eras, uma forma de manter esperanças vivas, memórias firmes e sérios aprendizados vinculados ao entretenimento. Anos após anos, histórias são inventadas, escritas, devoradas e esquecidas. As poucas que sobrevivem geram novos contos e proporcionam alimento espiritual a inúmeros povos.
Sem necessitar de tecnologias para serem lembradas, até hoje a graça de uma boa trama contada pode acontecer apenas pelas entonações, pelas descrições cuidadosas e por uma mímica bem pensada. Não é à toa, afinal, que algumas existem há mais de trezentos anos e permanecem sendo repassadas no boca a boca e em livros refeitos.
Carinhosamente chamados de “gente das maravilhas” pelos árabes, os contadores de histórias são guardiões dessas antigas e de novas tramas, muitas vezes criadas também por eles mesmos.
Contar para encantar, divertir, promover leitura, ensinar, aprender, curar. Os motivos podem ser muitos, mas uma coisa é certa: ninguém é o mesmo depois que conta ou ouve uma história emitida de forma criativa.
Para aqueles que desapegaram dos livros ou que nunca tiveram grandes costumes literários, ouvir as narrativas pode ser uma forma de voltar a embarcar nas leituras. Com tal noção, o NÃO ÓBVIO preparou uma lista de contadores que fazem trabalho itinerante pela Bahia e que vão muito além do público infantil.
Para quem não é das terras do dendê, inclusive, nada impede de acompanhar os trabalhos nas redes ou até de fazer um convite aos profissionais para irem a outros cantos do país.
ATENÇÃO! Temos dica extra no final.
1. Conto das 7 mulheres
Presente de forma fixa em diversas cidades, tais como Feira de Santana, Salvador e Juazeiro, o Conto das 7 mulheres nasceu do desejo de seis artistas da palavra oral buscarem espaços e ouvintes para a dimensão narrativa. As apresentações iniciais se estruturaram em eventos semestrais que começaram em setembro de 2017. Logo depois, no segundo semestre de 2018, a contadora Keu Apoema se juntou ao grupo para fortalecer a cena baiana.
Ela, junto com Danielle Andrade, Lucianna Ávila, Luciana Simões, Luciene Mota, Luciene Souza e Mariana Caribé são as setes mulheres artistas e contadoras que compõem as apresentações. O grupo também tem a presença de Nanda Leturiondo, produtora e artista visual, e dos músicos Marcos Bezerra e Berta Pitanga.
“Quando se escuta alguém contando histórias acalentamos o coração, rememoramos afetos e somos tocados por nossa ancestralidade, geradora do desejo de levar aquela história adiante. Quando contamos histórias abrimos o coração do outro para a mensagem que desejamos transmitir, criamos empatia com os nossos pares, nos convertendo em guardiões da tradição.”
Luciene Souza, doutora em educação, contadora de história e uma das integrantes do Conto das 7 mulheres
Atualmente em residência artística junto ao Observatório de Contação de Histórias da UEFS, o grupo fará apresentação no dia 30 de agosto, às 15h, no Teatro Cuca, em Feira de Santana. O espetáculo Aimó, baseado no livro do autor Reginaldo Brandi, é aberto para o público jovem e adulto. A entrada é franca.
O grupo se apresenta onde existir ouvidos sensíveis para escutar histórias: teatros, festas literárias, feiras de livro, eventos acadêmicos. A agenda está aberta para contratações com a produtora Fernanda Leturiondo.
☌ Luciene Souza também é integrante do grupo Canastra Real: contos em cantos. Nas apresentações, canto e narração são alternados com momentos de interação. Ao lado do músico José Rêgo, Luciene se apresenta com o grupo na capital baiana e em espaços diversos do estado e do país.
☌ Contato: Fernanda Leturiondo, produtora do coletivo.
☌ Telefone: (71) 98896-1737.
☌ Instagram: @dasetemulheres
A foto de abertura desta matéria é a reprodução de uma apresentação da Canastra Real.
2. Ateliê Dois Passarinhos
O Ateliê, originado em Feira de Santana, tem como objetivo promover a formação de contadores mirins que atuem nos espaços educativos como disseminadores da cultura popular e do interesse pelo mundo literário. A faixa etária dos 7 aos 10 anos de idade.
Leia também:
Dois Passarinhos surgiu há dois anos no Centro de Educação Básica da UEFS, através das idealizadoras Luciene Souza e Luiza Portugal. Os pequenos foram apresentados ao conto de tradição oral e, a partir da vivência e através de leituras concretas, iniciaram o seu passarinhar, como poeticamente dizem.
“A gente conhece, entende e aprende com as histórias, quando escutamos e quando contamos também. Além disso, a gente ganha a alegria das pessoas.” - Andressa (8 anos) e Aila (11 anos) – contadoras de histórias
Para contratar o Ateliê, a responsável pelos contadores, Luíza, disponibiliza seu contato para agendamento. A preferência é na cidade de Feira de Santana, porque precisam da autorização dos pais – mas o grupo não deixa de abrir alas para outros espaços baianos.
Os passarinhos, assim chamados, apresentam mostras performáticas semestralmente no anfiteatro da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), com espaço aberto e totalmente gratuito. Além disso, trabalham a possibilidade de levarem histórias para asilos e orfanatos da cidade, a partir do segundo semestre de 2019.
O público-alvo é preferencialmente infantil, por falarem a mesma linguagem. Porém, não há restrições para que os jovens, adultos e idosos possam ser encantados pelas narrativas populares que eles contam.
☌ Contato: Luíza Portugal, responsável pelos contadores.
☌ Telefone: (71) 99154-9576.
3. Grupo Contaflores
Naturais de Feira de Santana, Guibson Matheus e Denise Fersan são estudantes de música, enquanto que Stefane Queiroz é licencianda em psicologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana. O grupo nasceu de forma despretensiosa, incentivado pela Prof.ª Drª. Luciene Santos, integrante do Conto das 7 mulheres.
“Contar e ouvir histórias é simplesmente encantador. Torna quem conta e quem ouve mais sensível e mais humano. Quando conto histórias para alguém, tenho a oportunidade de me conectar através das histórias. Quando ouço alguém contando sua história é uma oportunidade rica e preciosa de perceber a nossa existência”. - Stefane, integrante do Contaflores
Denise Fersan, uma das integrantes do grupo, atualmente faz intercâmbio fora do país. Porém, Stefane e Guibson estão abertos para contratações. As mostras do Contaflores acontecem em espaços diversos, desde escolas até aniversários e igrejas. Aberto para todas as idades, o grupo se apresenta onde as histórias os escolherem.
☌ Stefane, além de integrar o Grupo Contaflores, também realiza trabalho individual. Seu projeto particular trata-se da escuta e produção de histórias para casamento. Ela entrevista pais, amigos e os próprios noivos e conta a história do casal na cerimônia do casamento.
☌ Contato: [email protected]
☌ Instagram: @contafloresehistorias
4. Danielle Andrade
Contadora de histórias, autora e ministrante de oficinas sobre a arte de narrar e criação de histórias fantásticas, a soteropolitana Danielle Andrade se dedica a este trabalho há mais de 10 anos.
A contadora vai onde há necessidade de histórias. Escolas, bibliotecas, feiras literárias, hospitais, praças e onde mais tenham pessoas dispostas a ouvir e compartilhar histórias. Sem distinção de idade, se apresenta para todo público dos pequenos aos idosos.
“Acredito que o maior ganho que as pessoas têm ao contar e ouvir histórias é que, ao mesmo tempo em que precisam permanecer conectadas ao presente, elas recebem a dádiva de serem deslocadas no tempo. Podem ir para qualquer reino, vila, planeta e conversar com reis, dragões, coelhos. Tudo vale e nada é proibido no mundo das histórias. Contar e ouvir histórias pode curar e informar, mas acho que o maior ganho é essa conexão tão real e imprevisível. Nós somos feitos de histórias e quanto mais audaciosas, impossíveis, cheias de fantasias e encantamentos mais elas nos botam no mundo e nos ajudam a ficar no aqui e agora.” - Danielle Andrade, autora e contadora de histórias
[youtube 6b3DePEUpIg]
☌ Contato: [email protected]
☌ Telefone: (71) 991892236
☌ Instagram: @historiasdedanielleandrade
5. Contadeiras
Contadeiras: de história, de vida, de graça e amor. É assim que se define o grupo de contadoras de histórias e escritoras formado por Carla Chastinet, Terezinha Passos e Luciana Ávila. As três amigas soteropolitanas têm como propósito contar histórias e interagir através de oficinas com os interessados na arte de contar histórias.
O grupo Contadeiras surgiu inicialmente com quatro integrantes: Carla, Terezinha, Luciana e Zezé. Zezé Matos seguiu o caminho da poesia, enquanto as demais seguiram com o grupo que atua até hoje.
“Através das histórias se descortina um mundo de possibilidades para nossas vidas, nas quais, muitas vezes, os conflitos e experiências vivenciadas pelas personagens nos apoiam a encontrar soluções para nossos próprios problemas.” - Contadeiras
Contadeiras oferecem serviços variados de contação de histórias, desde oficinas até produção e contação personalizada. O público alvo abrange todas as idades, do bebê na barriga da mãe até o tataravô. O grupo se apresenta na capital baiana e em cidades vizinhas, escolas, teatros, parques, praças e aniversários.
Confira o vídeo abaixo com história personalizada escrita pelas Contadeiras a pedido da ex diretora do Instituto Feminino D. Consuelo Medauar. A ação foi em homenagem aos 96 anos do Instituto Feminino da Bahia, idealizado e criado por D. Henriqueta Martins Catharino.
[youtube EI47bnWIO0Y]
☌ Contato: @contadeiras. O contato é feito através do Direct.
EXTRA! As Contadeiras
Marúcia Coêlho e Tânia Oliveira são originalmente de Recife e batizadas em contação de história pelo curso promovido pela Fundação Gilberto Freyre. As contações acontecem em diversos locais, sendo alguns deles: escolas, creches, asilos de idosos, praças, instituições que acolhem crianças em situações de vulnerabilidade social, eventos de literatura e faculdades.
Com público bastante diversificado, as contadeiras contribuem para formação de professores da Educação infantil e do Ensino Fundamental de alguns municípios. Ao vivenciarem a experimentação da literatura através da contação de história, acaba por provocar o despertar de futuros leitores.
[youtube VT5i2YHpiEU]
São dois projetos ativos. Um deles o Ler na Praça, da Biblioteca Pública do Estado (às primeiras sextas-feiras do mês, às 10h e às 15h, no Parque 13 de Maio – Centro de Recife). O outro projeto é o Encontro de Conto, que se realiza nos diversos prédios do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
☌ Contato: para agendar com Marcúria Coêlho, enviar e-mail para [email protected]. Para agendar com Tania Oliveira, enviar e-mail para [email protected].
☌ Instagram: @as_contadeiras
*Conteúdo em parceria com o site Não Óbvio
Veja também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!