“Ó paí, ó”. A expressão que é a cara da Bahia marca, não só a criatividade do povo baiano ao apontar algo, mas, principalmente, se refere a um dos clássicos do Bando de Teatro Olodum: a peça Ó Paí, Ó. Quem não conhece, ou deseja rever, tem uma chance no domingo, às 11h, quando a montagem volta a cartaz para única apresentação no Teatro Castro Alves , com ingresso a R$ 1 | R$ 0,50.
Alegrias e sofrimentos dos moradores do Centro Histórico costuram a peça dirigida por Marcio Meirelles, que integra o projeto Domingo no TCA e celebra os 25 anos do Bando. Artistas, travestis, prostitutas e baianas de acarajé são alguns dos personagens que apresentam temas como racismo e violência, com deboche e posicionamento político.
“O que é mais doloroso, apesar de vibrarmos pelo espetáculo criado há 23 anos, é discutir um tema que continua contemporâneo. A mudança ainda não aconteceu”, lamenta Valdineia Soriano, 46 anos, atriz do Bando desde o início.
Atores veteranos e novos se reúnem na apresentação comemorativa. Jorge Washington, 52, que também está desde o início, ressalta a importância do debate. “As artes têm o poder de tocar o espectador e fazer com que reflita sobre o que está no palco. Ainda temos que fazer muito Ó Paí, Ó, Cabaré da Raça, Erê...”, defende, citando o expressivo repertório do grupo.
Para Marcio Meirelles, 61, o “Bando veio ocupar essa lacuna de falta de dramaturgia negra, falta de reflexão sobre o negro no palco, falta de papéis para os negros. Existe um público que precisa se ouvir. Ouvir seu discurso amplificado pelo teatro. Essa é a força do Bando”, resume.
Serviço:
Teatro Castro Alves (Campo Grande | 3535- 0600)
Domingo (29/11), às 11h
Ingresso: R$ 1 | R$ 0,50.
Vendas a partir das 9h do dia do espetáculo, com acesso imediato do público.
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