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TEATRO

Lázaro Ramos e Taís Araújo revivem momentos do líder Luther King

Adaptação da peça que estreou em Londres, em 2009, e ganhou versão na Broadway, em 2011, já esgotou duas sessões no TCA

Redação iBahia • 22/10/2016 às 8:55 • Atualizada em 31/08/2022 às 18:04 - há XX semanas

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Um dia antes de ser assassinado na varanda do quarto 306, do Hotel Lorraine, em Memphis, o pastor protestante e ativista político americano Martin Luther King Jr. fez seu último sermão. Quase 50 anos depois, o cenário volta à cena no espetáculo O Topo da Montanha para eternizar o último grande discurso do Nobel da Paz e defensor dos direitos civis, cuja morte, aos 39 anos, chocou o mundo.

				
					Lázaro Ramos e Taís Araújo revivem momentos do líder Luther King

Lázaro Ramos interpreta o ativista e Nobel da Paz Martin Luther King
e Taís Araújo vive uma camareira que confronta o líder americano
(Foto: Juliana Hilal/Divulgação)

Mas, antes de entrar na tragédia, a comédia pede passagem na peça que chega ao Teatro Castro Alves nos dias 29 e 30, com ingressos apenas para a sessão extra. Dirigida pelo baiano Lázaro Ramos, produzida e protagonizada por ele e pela atriz carioca Taís Araujo, a peça usa o humor para tratar de temas difíceis. Entre eles, a segregação racial que marcou a época e provocou o linchamento de 5 mil negros, só no sul dos Estados Unidos, entre 1883 e 1959.
Bom, o humor surge pelo menos no primeiro momento. “Começa com uma comédia, quase uma comédia romântica, aí quando as pessoas estão bem acomodadas, ela vai e pega todo mundo pelo coração”, entrega Taís Araújo, 37 anos . A atriz foi indicada ao Prêmio Shell por sua atuação na peça escrita pela americana Katori Hall que estreou em Londres, em 2009, e ganhou versão na Broadway, em 2011.
Na versão brasileira, traduzida por Silvio José Albuquerque e Silva, Lázaro e Taís, casados há 12 anos, interpretam Martin Luther King e a misteriosa e bela camareira Camae, que conhece o líder americano em seu primeiro dia de trabalho no hotel onde está hospedado. Em uma das cenas, ela chega a oferecer um café com whisky para Luther King, porque “isso aqui é o que os irlandeses chamam de xarope contra a tosse”, justifica a personagem, enquanto arranca risos da plateia.
“O humor como entrada facilita muito a segunda parte do espetáculo, que é um drama, falando de temas dolorosos e políticos. Dessa forma, o espetáculo atrai um público ainda maior e todos os espectadores se sentem motivados a enfrentar essa luta pelo respeito e pela igualdade, que é a luta justa”, acredita Lázaro Ramos, 37, sobre o espetáculo dividido em dois momentos.
Codirigido por Fernando Philbert, O Topo da Montanha faz alusão ao último discurso de Luther King que marcou para sempre o 3 de abril de 1968: I’ve Been to the Mountaintop (‘eu fui ao topo da montanha’, em livre tradução). Na peça, o ícone da luta pelo amor ao próximo e pelo repúdio à segregação racial é confrontado pela camareira.

				
					Lázaro Ramos e Taís Araújo revivem momentos do líder Luther King

(Foto: Jorge Bispo/Divulgação)

Com suspense e deboche, ela envolve o reverendo em um jogo de provocações que o faz se lembrar que ele é, acima de tudo, humano. “Quando você pega esse mito, esse líder, esse herói, e humaniza ele - não exibe como um homem perfeito -, todo mundo se sente um pouco Martin Luther King”, reflete Lázaro.
PolaridadesApesar de ter sido escrito em outro contexto e outra época, o texto de O Topo da Montanha reflete a sociedade de hoje. “Parem a guerra do Vietnã e comecem a lutar contra a pobreza” é um dos trechos que traduzem preocupações e urgências que independem do contexto geográfico.
“Vários momentos da peça parecem que foram escritos hoje, não nos anos 50 e 60. Isso é uma pena. Temos que entender por que a gente continua andando em círculos. Por que uma frase dessa ainda faz sentido? Depois de anos e anos lutando pelos direitos civis?”, questiona Lázaro.
Taís concorda e realça que o texto “fala de muita coisa que parece que foi escrita para hoje, infelizmente”. A atriz, então, lamenta que o Brasil esteja segregado e enfrentando tanta intolerância, violência e desrespeito. Taís, inclusive, foi alvo de comentários racistas no Facebook e recentemente revelou em suas redes sociais que sofreu bullying na infância.
“A internet traz coisas maravilhosas, mas a gente também fica assustado. As pessoas têm uma coragem mentirosa - que na verdade é uma covardia - de falar o que bem entendem, sem lembrar que o outro deve ser respeitado. Você tem o direito de pensar o que você quiser, mas tem o dever de me respeitar. Essa peça fala sobre isso, convida as pessoas a uma reflexão sobre vários temas”, explica a atriz.
Lázaro destaca que, diante de tantos extremos, O Topo da Montanha oferece “uma alternativa à brutalidade e às polaridades”. “É uma alternativa que passa muito pelo respeito, afeto e pela coragem, num discurso que não só remete às palavras do Luther King, mas a uma reflexão sobre por que o ser humano comete tantas brutalidades”, provoca o ator.

				
					Lázaro Ramos e Taís Araújo revivem momentos do líder Luther King

(Foto: Juliana Hilal)

Apesar da seriedade do tema, Taís ressalta que a ideia não é sair do TCA desacreditado. “Meu desejo é que as pessoas saiam dessa peça cheias de poder. Estamos numa história de muita tristeza, mas temos um povo muito poderoso. Que nossa história sirva de combustível pra gente seguir em frente. Essa peça é muito tocante”, garante.
VozProdutores de O Topo da Montanha, Lázaro e Taís estão cada vez mais envolvidos na direção e produção de seus trabalhos, seja no teatro, na televisão ou no cinema. Os dois acreditam que a participação mais próxima da autoria permite a comunicação de ideias.
Enquanto Taís produz sua terceira peça, Lázaro dirige O Topo da Montanha, apresenta e participa das pautas do programa Espelho (que está gravando a 13ª temporada), é um dos produtores do filme A Luta do Século, de Sérgio Machado (sobre os pugilistas Holyfield e Todo Duro), e já escreveu episódios para Mr. Brau, série da Globo que estreia sua terceira e última temporada em abril.
“Estou me tornando um comunicador de ideias, mais do que um ator. Hoje eu sou um diretor também e todas as ideias que consegui comunicar, talvez não conseguisse se não fosse diretor”, justifica Lázaro. “Ter a oportunidade de, como pensamento artístico, falar dessas questões me dá grande satisfação”, completa. Taís concorda: “Tenho meus trabalhos na televisão que adoro e me oferecem coisas incríveis! Mas não sou dona da televisão. A peça é a minha maneira de contar minhas histórias”.

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