|
---|
Marlúcia Sie é produtora cultural há 13 anos. |
“Eu aprendi a não esperar por ninguém, pra mim, o tempo urge!”, talvez esta frase dita pela produtora cultural baiana Marlúcia Sie, a defina por completo. Ou quem sabe aquele ditado que diz ‘O boi engorda aos olhos do dono’, consiga traduzi-la melhor. Ela, que se considera uma mulher trabalhadora, e que raramente consegue um tempo para o descanso, talvez, se pudesse, seria várias em um corpo só. Mãe de Maria Luiza, de 7 anos e Paulo Victor, de 11, Marlúcia tenta organizar o seu tempo, para poder estar mais perto dos filhos.Mamá, como é conhecida entre os amigos, é pedagoga de formação, chegando a exercer a profissão por um período, e nunca pensou em ser produtora. Até o dia que o publicitário Paulo Morais, seu marido a época, apresentou-lhe o novo mundo, em 1999. “Eu sou graduada em pedagogia, mas desde o início deveria ter escolhido a produção cultural. Hoje eu sou uma produtora de verdade!”, afirma, convicta de sua vocação. Hoje o seu currículo elenca importantes produções de espetáculos como "Hamlet", interpretado por Wagner Moura, no TCA, em 2009, “Ensina-me a Viver”, com Glória Menezes e Arlindo Lopes, em 2008 e 2009, também no TCA, “Os Cafajestes”, durante dois anos de temporada, entre tantos outros sucessos. O teatro tem sido o foco de atuação, já na música só se arriscou a partir de 2011.
Salvador Em Cena: "a proposta vai fortalecer o teatro brasileiro"A novidade para 2012 que Marlúcia traz, é o projeto
Salvador Em Cena, que reúne espetáculos de sucesso como “
Falando a Veras’,com o comediante da Rede Globo, Marcos Veras, em curta temporada, de 12 de janeiro a 2 de fevereiro, e o espetáculo "
Humor Sem Regras", com Guga Walla, que estreia no dia 14 de janeiro, também no Teatro Sesc Casa do Comércio, e fica em cartaz até 30 de março, aos sábados. A ideia é movimentar ainda mais os teatros da cidade, com produções de grande repercussão e aceitação pública. “A proposta fará um movimento de apreciação de grandes montagens, fortalecendo o teatro brasileiro que tanto tem feito pelo desenvolvimento da cultura no país”, prevê a produtora. A programação ainda traz
"Confissões de Mulheres de 30", que estreia nesta sexta (13), às 21h, no Teatro Módulo;
“Doidas e Santas”, com Cissa Guimarães;
"Maria do Caritó", com Lilian Cabral;
"Eri Pinta E Johnson Borda", com Eri Johnson e o solo de Paulinho Serra,
"Deznecessários".
|
---|
"Ensina-me a Viver", com Glória Menezes e Arlindo Lopes, no TCA em 2008 e 2009 |
De 1999 para cá, a percepção e a observação têm sido as suas melhores companheiras de trabalho. “Eu aprendi o meu trabalho da mesma forma que aprendi a dirigir. Eu sempre observava meu ex-marido no volante, e na hora de dirigir foi mais fácil. Ter percepção das coisas é muito bom, para saber onde errou, e distinguir os bons dos maus exemplos”, explica. Porém, não só a percepção tem sido fundamental. Segundo a produtora, atenção exclusiva ao ator e a disposição para “engolir sapos” também são essenciais para bons resultados. “Dizem que eu sou babá dos atores, talvez porque sou mãe. E por que não atender aos pedidos deles? O ator precisa estar bem para fazer um bom espetáculo, além do mais, sendo bem tratado, com certeza ele me indicará para os colegas. Pra mim, o teatro é um negócio, é a minha fonte de renda e preciso fazer bem feito”.
'Dizem que eu sou babá dos atores, talvez porque sou mãe' |
Este zelo com a profissão pode ser notado até no momento da entrevista. A produtora pensou em tudo: isolou o segundo andar do café, onde aconteceu a entrevista, para possibilitar boas fotos, feitas pelo profissional que a acompanhou. Nada poderia dar errado, como nos espetáculos que produz. |
---|
"Hamlet", interpretado por Wagner Moura, foi uma das grandes montagens trazidas para Salvador pela produtora |
Panorama do teatro aos olhos da produtoraSegundo Marlúcia, 2011 foi um ano difícil para o teatro na Bahia e no Brasil. Plateia lotada em Salvador, só mesmo para assistir aos espetáculos “Confissões de Mulheres de 30” e “Histórias de nós dois”. E mais, a produtora ressalta que, para melhorar este quadro, na Bahia, pelo menos, é preciso que os patrocinadores do Estado conheçam as leis de incentivo. “O teatro baiano vive de bilheteria, sem respaldo algum de patrocinador”, lamenta.
'O teatro baiano vive de bilheteria, sem respaldo algum de patrocinador' |
O comportamento do público também mudou. De acordo com a produtora, a plateia não escolhe mais somente o espetáculo que tenha, no elenco, um ator de sucesso: “As pessoas hoje em dia pesquisam mais o roteiro. Elas não escolhem só as peças que tenham atores globais, até por isso, os espetáculos baianos lotam mais do que as peças de fora”, diz. E os seus diretores preferidos? “Fernando Guerreiro, João Fonseca, João Falcão e Ernesto Piccolo”, cita, um por um, sem titubear.Com tantos trabalhos dando certo, a produtora acredita estar vivendo “uma fase de ascensão” na sua carreira, e, por isso, se permite planejar vôos mais altos para o futuro. “Quero continuar a manter a minha empresa – Marlúcia Sie Produções Artísticas – em Salvador e, até o final de 2013, montar uma base no Rio de Janeiro”, planeja.Já chegando ao final, a conversa é interrompida pela intervenção da pequena Maria Luiza, que acompanhou toda a entrevista. A monotonia da situação para a inquietude de criança, já incomodava a pequena, que questiona: “Mãe, ta acabando?” E a mãe Marlúcia entra em cena. Pelo menos, até a próxima atividade do dia.