Paulo Gustavo é um desses caras superconectados, que fazem mil coisas ao mesmo tempo e falam bastante! Sucesso na TV, no teatro e no cinema, é na internet que ele faz acontecer muitas coisas do seu dia a dia: paga conta, pede comida, posta fotos e vídeos e conversa o tempo todo. “Sou totalmente viciado”, admite.
Parte dessa relação simbiótica com a vida através das telas é contada no espetáculo Online, que ele apresenta em Salvador neste fim de semana, em três sessões no Teatro Castro Alves.
Foi também graças à internet, que essa entrevista ao CORREIO aconteceu. Depois de as perguntas serem enviadas por e-mail, Paulo Gustavo respondeu uma a uma por áudios de Whatsapp. “Você falou que tomou um susto, mas para mim isso é supernatural. Eu não preciso marcar com a pessoa para dar entrevista. Você vai escutar a minha voz, é a mesma sensação de a gente estar junto no telefone. Só que você manda quando pode e eu respondo quando puder”, descomplica.
Com pouco tempo e uma agenda muito movimentada, são as facilidades que a internet proporciona que contam mesmo para o humorista carioca de 38 anos - mesmo que haja alguns problemas, como os haters, a dificuldade em se discutir temas polêmicas e mesmo as notícias falsas que proliferam na rede.
Neste bate-papo, ele fala ainda sobre a relação com Salvador - onde curtiu o Carnaval por sete anos consecutivos - e sobre seus trabalhos mais recentes, incluindo o recordista de bilheteria do cinema nacional, Minha Mãe É Uma Peça, cuja sequência estreou em dezembro passado.
Depois de alguns anos, você está de volta a Salvador para apresentar um espetáculo no qual contracena com outros sete atores e no qual interpreta a si mesmo - mas que está longe de ser um stand up? Como é transitar entre os diversos formatos da comédia?
O espetáculo brinca com essa vida superconectada que as pessoas levam hoje, mas de forma superficial, sem entrar em questões e problemáticas muito profundas. É uma peça bem de entretenimento mesmo sobre o quanto a gente faz tudo ao mesmo tempo, o quanto a gente vive essa vida agitada. Mas é uma peça que fala de tudo isso de uma forma muito leve, muito sutil. É quase um Vai que Cola! (sitcom do canal Multishow que virou filme). Os atores me ajudam a montar um ambiente, as situações. Eu estou muito feliz, me divertindo muito com todos eles. É uma delícia ter seis pessoas no palco dividindo a cena comigo.
E como é se apresentar em um palco como o TCA? Qual sua relação com Salvador e o que acha do público da cidade?
Estou superansioso para voltar. Adoro Salvador. Vou aí há anos desde quando comecei a ganhar dinheiro com teatro. Uma das primeiras viagens que eu era doido para fazer, além de Nova York, que eu amo, era Salvador. Já passei sete carnavais seguidos aí. E eu amo fazer peça no TCA, em Salvador, para o baiano. Vocês são muito receptivos comigo, muito carinhosos. A plateia sempre quente, fervendo, rindo do início ao fim. Eu me sinto a Ivete Sangalo quando estou no palco em Salvador.
Online é um espetáculo em que você interpreta a si mesmo em um cotidiano cheio de imprevistos que envolvem a vida conectada. Conta um pouco sobre a peça.
A minha peça fala sobre a internet, que hoje em dia está revolucionando tudo. A gente faz tudo pela internet. E eu sou totalmente viciado. Eu mexo no meu Snapchat, eu movimento muito as minhas redes sociais, estou sempre fazendo vídeo, usando os filtros pra brincar com os fãs. Converso com eles, mando recados, falo sobre alguma coisa que está rolando atualmente, dou alguma opinião quando acho que é legal, relevante.
E tem algo que te incomoda em relação à internet?
A parte ruim é que também dá voz para muita gente sem noção, que fala sem pensar, muita gente agressiva, o tal do ‘hater’. Graças a Deus, são duas pessoas no meio de mil que me seguem em que eu vejo isso. Eu me sinto um cara superquerido na internet. E ela possibilita a gente estar mais perto do fã. O que me incomoda é isso: o hater, a fofoca que vira verdade, que espalha e aí você tem que ir lá explicar. Mas acho também que até isso está mudando. Acho que a gente está tão acostumado a ouvir coisas esdrúxulas que, intuitivamente, vamos criando filtros sobre o que a gente vê e ouve na internet.
Minha Mãe É Uma Peça 2 é o filme brasileiro com maior bilheteria da história. Você acha que esse sucesso se deve a quê?
Eu acho que Minha Mãe É Uma Peça é um sucesso porque é um filme que conversa diretamete com a família brasileira, com a criança, com o adolescente, com o jovem adulto, vai até os 50, 60, terceira idade. É de 0 a 100, que nem circo. Fala sobre família, sobre relação mãe e filho. O Hiperativo também é um stand up que chega fazendo um barulho, trazendo toda uma geração de adolescentes e formando novas plateias. Acho que o 220 Volts tem isso, o Vai Que Cola, agora a série A Vila, que eu estou começando a gravar e onde eu faço um palhaço. Acho que foi nessa proposta de fazer algo para a família brasileira que eu consegui ser feliz e ter um espaço grande. Fico feliz de estar fazendo peça para um público bem amplo, bem vasto. Eu tô feliz nesse lugar!
Como você chegou aos outros temas do espetáculo, como violência, política e celebridades? E qual sua opinião sobre o modo como eles circulam nas redes?
Eu toco em alguns assuntos como violência, celebridades, mas política eu não falo muito não. Tem um momento em que entra uma passeata no palco, mas aquela é uma cena para dizer que realmente a gente não sabe discutir política. As pessoas gritam tanto, brigam tanto, que mal conversam. É uma cena que serve para falar disso. Hoje em dia, se você põe algo na internet, aquilo vai embora e você nunca mais tem controle sobre aquilo, que vira uma verdade absoluta. Além disso, as pessoas acham que você é só aquilo, que você não tem capacidade de mudar de opinião, de pensar coisas diferentes ou de fazer alguma reflexão. As pessoas estão hoje muito agressivas, muito raivosas para discutir política ou qualquer outro assunto, e a peça fala disso, alerta para termos mais calma quando formos nos aventurar na internet. Há pessoas muito despreparadas para discussão. Se uma delas estiver com uma arma na mão, ela dá um tiro. E não é bem por aí.
Veja também:
Leia também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!