“Se eu deixasse o troco, você assistiria a um espetáculo?”, perguntou o ator Ricardo Castro ao entregador de pizza. “Ah, mas com R$ 2 não dá pra ver nenhuma peça”, respondeu o rapaz descrente. “Dá, sim!”, comemorou o ator, que, na época, tinha acabado de montar o espetáculo R$ 1,99. Não precisa nem dizer qual era o valor do ingresso, né?
Bom, o entregador não só foi conferir a montagem, como voltou depois com a namorada, a mãe, a tia, o vizinho... Até deu pitaco na direção do monólogo escrito, dirigido e interpretado por Ricardo Castro que relembrou os primórdios da peça que completa 15 anos. Debutante, R$ 1,99 terá apresentação única no Teatro Castro Alves, no domingo.“Quero fazeruma retrospectiva desses 15 anos, da própria peça, do país, de Salvador, da Bahia em si. Muitos temas abordados ao longo desses anos se tornaram obsoletos, mas não foram resolvidos”, pontua o ator de 43 anos, que criou R$ 1,99 em um momento de crise da sua carreira e usou o palco para um desabafo crítico sobre temas como arte e política. Aproveitou, ainda, para “alfabetizar o público de que a arte deve ser paga”. Daí vem o simbolismo do R$ 1,99, valor do ingresso durante quatro anos. Nessa edição, o público pode esperar muita ironia em torno de assuntos atuais e antigos. “Tinha uma época que falávamos em apagão e hoje estamos vivendo de novo. Quinze anos depois resolveu ou não? O Carnaval é um tema também. Ele tem 30 anos e 15 deles eu comentei”, lembra. Ivete, Tatau e Igor Kannário que se segurem. Apesar da cultura baiana ser o foco, R$ 1,99 fez sucesso em cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e até Buenos Aires. Tudo começou há 15 anos, quando Ricardo abriu o armário e pegou umas roupas para o figurino e carregou o som de casa para compor a trilha.“R$ 1,99 nasceu sem patrocínio. É uma vitória da criatividade, do otimismo, da fé...”, acredita o ator. “O fato da peça estar comemorando 15 anos é um milagre. Mas a arte tem a coisa da criatividade, o grande agente de transformação. Se você tem só um limão, você faz a limonada e se joga, não é?”, completa.
(Foto: Divulgação) |
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