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TEATRO

Questões trans são discutidas em peças no Gregório de Mattos

Da Alegria, do Mar e de Outras Consciências discute questões direcionadas a travestis e transgêneros neste fim de semana

• 27/01/2016 às 16:48 • Atualizada em 02/09/2022 às 0:45 - há XX semanas

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Nessa sexta-feira, será celebrado mais um Dia Nacional da Visibilidade Travesti e Trans. E, pela terceira vez, começa uma nova edição do evento Da Alegria, do Mar e de Outras Consciências, que discute questões direcionadas a travestis e transgêneros. O evento, que acontecia no Cine-Teatro Solar Boa Vista, passa a ser realizado no Teatro Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador. Até domingo, sempre das 18h às 21h, acontecerão mesas-redondas, performances, lançamento de livro, espetáculos teatrais e mostra de filmes em torno da temática trans. Toda a programação é gratuita. “Nossa intenção é trazer para a Bahia o que de mais novo está sendo discutido no Brasil sobre questões direcionadas a travestis e transgêneros, pessoas estigmatizadas, invisíveis na sociedade e no debate pelos direitos da diversidade”, diz a idealizadora do evento, a jornalista e cineasta baiana Ceci Alves, 42 anos.Ação afirmativa
Ceci é também diretora do curta-metragem Da Alegria, do Mar e de Outras Coisas, que recria a história de um crime homofóbico ocorrido em Salvador em 1998. “O evento é uma espécie de ação afirmativa do filme. Questões como violência e invisibilidade, tão comuns nesse universo, são temas que não podem ser esgotados nem esquecidos”, diz a jornalista.
A programação será aberta com a exibição do documentário Atrás dos Olhos, dirigido por Fábio Fernandes e André Araujo. Em seguida, acontecerá a mesa de debates Empoderamento e Mercado de Trabalho Trans, que vai tratar das dificuldades enfrentadas por travestis e transgêneros na busca por colocação no mercado de trabalho.Personalidades ligadas às questões trans participarão da discussão. Uma delas é Paulete Furacão, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia. Viviane Vergueiro, mestra em Cultura e Sociedade pela Ufba e ativista pelos direitos Trans, e Fernando Amaral, consultor do Sebrae, também participam. O Sine (Sistema Nacional de Empregos) terá um estande no teatro para atender o público.No sábado, outro curta, Transophia, de Ivan Ribeiro, será exibido. O tema dos debates será Travesti: Entre a Arte e a Rua. “Será que o travesti tem que estar sempre fazendo shows ou se prostituindo?!”, questiona Ceci.A mesa terá participação da ativista do coletivo Cena Queer, Adriana Prates; do secretário de Cultura de Madre de Deus, Djalma Thürler; e da presidente da Associação de Travestis e Transexuais de Salvador (Atras) e representante da Secretaria de Política para as Mulheres do Estado, Millena Passos.Mercado de trabalho
A socióloga pernambucana Fabiana Moraes, 41, que estará no evento para lançar o livro O Nascimento de Joicy, diz que a sociedade acostumou-se a associar o travesti à prostituição: “É claro que há muito travesti se prostituindo. Mas falta mercado de trabalho para eles. Felizmente, já há trans que atuam como professoras ou atendentes”. Após o debate, haverá a apresentação do Cabaré Drag King.Domingo, último dia, a programação será aberta com a apresentação do monólogo Uma Flor de Dama, com o ator Silvero Pereira. A montagem, baseada no conto Dama da Noite, de Caio Fernando Abreu (1948-1996), é protagonizada por um travesti num camarim, se preparando para mais uma noite de apresentação. Com raros elementos cênicos, Uma Flor de Dama investe na iluminação e não usa trilha sonora ou efeitos sonoros.Em seguida, para encerrar o evento, acontecerá o debate Ser Transgênero - Uma Ontologia, com a presença da tradutora e ativista dos direitos trans Alessandra Ramos Makkeda, que também é assessora parlamentar do deputado federal Jean Wyllys, além de Silvero Pereira e Fabiana Moraes.Ceci Alves diz que em 2017 haverá uma quarta edição de Da Alegria, do Mar e de Outras Consciências e o tema será relacionado à saúde dos trans. Já antecipando o mote do ano que vem, nessa edição o visitante poderá realizar um teste rápido para detectar anticorpos do HIV. O resultado estará disponível em 30 minutos.Essa terceira edição do evento está sendo realizada por meio do edital Arte Todo Dia - Ano II, promovido pela Fundação Gregório de Matos/Prefeitura de Salvador.Livro discute jornalismo a partir de um caso de transexualidade
A pernambucana Fabiana Moraes, 41 anos, hoje professora universitária, era ainda jornalista quando procurava alguém para ilustrar uma matéria que ela estava fazendo sobre as cirugias de redesignação de sexo a que as trans eram submetidas.
Numa visita ao Hospital das Clínicas de Recife, perguntou se alguém aceitaria falar com ela. “Uma pessoa de cabelo bem curto, que se posicionava como um homem, de perna aberta, aparentando uns 50 anos, se ofereceu. Achei que estava acompanhando alguém que ia fazer a cirurgia, mas fiquei surpresa quando soube que ele mesmo ia fazer”.Aquele era Joicy, cujo nome de batismo era João. É ela a personagem do livro O Nascimento de Joicy (Arquipélago/R$ 40/248 págs.), que será lançado no domingo durante o Da Alegria, do Mar e de Outras Consciências. A publicação revela a rotina de uma transexual desde as primeiras consultas até a fase de recuperação da cirurgia para adequar o corpo masculino ao feminino.O livro reproduz na íntegra, em sua primeira parte, a série de reportagens original, publicada em 2011 no Jornal do Commercio. Foram mantidos no texto, inclusive, alguns termos que a autora considera hoje inadequados, como “mudança” de sexo, em vez de “redesignação”. Na segunda parte, a autora comenta as regras de objetividade do jornalismo. “Digo, por exemplo, o que essas regras impedem que seja publicado. O livro é, portanto, também, uma análise sobre o jornalismo”, diz Fabiana, agora doutora em sociologia e professora do curso de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. O terceiro capítulo, mais teórico, é sobre filosofia, sociologia e antropologia. “Esses elementos são importantes para os jornalistas se livrarem de estereótipos na hora de fazer uma reportagem”.
Correio24horas

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