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Com texto de Fernando Duarte e direção de Marilia Pêra, chega a Salvador a peça 'Callas', com Silvia Pfeifer e Cássio Reis, no elenco. A montagem, que será apresentada, neste final de semana, dias 24 e 25, no palco do Teatro Sesc Casa do Comércio, conta com um formato de documentário vivo com projeções, recurso de áudio e trocas de figurino no palco. Tudo isso para contar a história de vida e trajetória musical de Maria Callas, uma das maiores divas da música lírica. Além da força artística e da grande voz, o espetáculo - trazido à cidade pelo projeto Catálogo Brasileiro de Teatro da Fred Soares Produções - mostra que a cantora carregava uma imensa fragilidade em busca do amor, o que a fez abandonar a carreira. A atriz Marília Pêra, que interpretou Maria Callas em 'Master Class', em 1996, é a pessoa ideal para dirigir a atual montagem com texto inédito de Fernando Duarte ('À beira do abismo me cresceram asas' e 'Orgulhosa demais frágil demais'). Atriz criteriosa, perfeccionista e exigente, ela dá à direção o tom na medida certa para 'Callas' acontecer. Quem ressalta isso são os atores Silvia Pfeifer e Cássio Reis, que conversaram com o
iBahia sobre a peça. Silvia Pfeifer conta que o papel lhe foi oferecido por Marília no momento certo. Tinha terminado as gravações da novela 'Bete, a Feia' (Record) e quase comprou os direitos de duas peças, mas desistiu por não se sentir à vontade nos papeis. Quando recebeu o convite para 'Callas", não pensou duas vezes. Aceitou sem ler nem ler o texto. "Quando recebi o texto, entrei em pânico, mas sou quase germânica, e quando tem que fazer, vamos fazer", lembra a atriz. A partir daí, ela abraçou o projeto, viu todos os documentários sobre a cantora, estudou a história da ópera e até música erudita, para melhor entender este universo. Muito embora não cante no espetáculo, isso lhe deu segurança na postura, no gestual e, sobretudo, na vivência da personagem. Para Silvia tudo é novo, intenso e cheio de emoção. Sem dúvida, uma das grandes experiências de sua carreira e muita responsabilidade, já que sua trajetória está mais ligada à televisão do que ao teatro. O desafio foi ainda maior porque o tempo para toda a preparação era bem curto: 60 dias apenas, entre a primeira leitura não oficial para a equipe se conhecer até o primeiro ensaio aberto, considerado já estreia, em janeiro deste ano.
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Viver Maria Callas é considerado por Silvia uma montanha russa, pois a vida dessa artista foi inteira tomada por avalanches de emoções muito intensas, das quais ela própria precisou de apossar para interpretar o papel. "Tem muitas falas minhas sozinha. Callas vai da doçura à irritação, da irritação à loucura. Eu tive muita ansiedade e medo de não conseguir fazer, mas agora já estou muito mais Callas, colocando as várias nuances dela no palco. Estou mais à vontade. O espetáculo demanda um fôlego que eu não tinha, e precisei trabalhar até atingir o conforto e o prazer que tenho hoje. Ainda saio cansada, mas é menos", conta. Em todo esse processo e junto à direção de Marília Pêra, Silvia Pfeifer destaca a companhia do ator Cássio Reis, seu parceiro em cena e uma "gratíssima surpresa", como classifica. Juntos pela primeira vez, Reis demonstrou, além de sua atuação e crescimento artístico, generosidade, bom humor e muito cuidado no trato com ela e com toda a equipe. Características que, segundo Silvia, contribuiram muito com o resultado que hoje se vê no palco. "Ele se preocupou comigo e com nós dois juntos no palco, é carinhoso, é gente muito boa. O mais importante é que vejo que ele é assim, genuinamente, na vida dele. Não faz isso para ganhar espaço comigo ou com Marília. Ele é alegre, está sempre cantando. Isso é muito importante para viver a carga de emoção que temos na peça". Por sua vez, Cássio Reis também de mostra completamente encantado e envolvido não só com a hitória de Callas e sua riqueza de detalhes, mas com esta equipe que se formou em torno do espetáculo. Ele destaca a direção de Marília Pêra como um trabalho bem traçado e se coloca como um admirador tanto de seu personagem - que é uma compilação de todos os jornalistas que tiveram contato com Callas em sua carreira, quanto da própria Callas. No palco, ele vive o jornalista John Adams, procurado por Callas, em Paris, no dia 15 de setembro de 1977, um dia antes de morrer. O desejo da diva era organizar uma exposição sobre sua carreira, com figurinos, joias, quadros, discos e imagens. Para tanto, ela começa a falar sobre trajetória na música lírica e durante a conversa, revela-se e deixa Adams conhecer suas fragilidades e o abismo que existe entre a mulher real e o mito. Ele, completamente, extasiado, é tomado por sentimentos de amor, contemplação e arrebatamento por aquela mulher, mas, ao mesmo tempo, é um jornalista e não tem como fugir disso. "O que fica de mais forte é essa relação de fortaleza e fragilidade dela. É um espetáculo muito intenso, saio do palco como se tivesse jogado duas horas de futebol", diz o ator.
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