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ANIVERSÁRIO DE SALVADOR

Conheça o idealizador do 'Salvador Tem Muitas Histórias'

Página surgiu no momento de pico da pandemia e já tem mais de 17 mil seguidores

Redação iBahia • 16/03/2022 às 7:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 5:43 - há XX semanas

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Adson Brito criou a página há menos de dois anos para contar história do próprio bairro (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Pertencimento e conhecimento caminham juntos na página "Salvador Tem Muitas Histórias", no Facebook. Idealizada na inquietude da pandemia, o soteropolitano Adson Brito do Velho, 54 anos, queria contar a história do bairro em que nasceu.

O que tem de interessante em Cidade Nova? Ele garante que muitas coisas, e outras 17 mil pessoas também. Isso porque o projeto que começou há menos de 2 anos alcançou soteropolitanos do mundo todo, que relembram e revivem a cidade de Salvador.

"As pessoas interagem diariamente. A resposta foi muito positiva, tanto das pessoas daqui da cidade quanto outras pessoas de outros países e estados, dizendo que estavam matando a saudade. 'Eu não tinha conhecimento da história da minha cidade', diziam", contou.

Com a viralização, o professor formado em filosofia pela UCSal, psicologia pela Ufba, concursado em História desde 1993 pelo Governo do Estado e também diretor teatral, trouxe para as páginas da internet as vivências e as pesquisas de uma vida inteira.

Para Adson, a história de Salvador está silenciada enquanto referencial baiano, já que nos livros didáticos pouco se vê de Bahia. No "Salvador Tem Muitas Histórias" o objetivo é esse: regatar o passado, no sentido do pertencimento e conhecimento.

"Eu prefiro tocar mais na nossa história, isso pra mim tem um ganho muito importante, quando as pessoas passam olhar para o seu patrimônio como parte da sua identidade", refletiu.

A página se tornou uma troca de experiências entre o professor e o público. Os visitantes sugerem assuntos e temas para as histórias, e juntos mergulham nos lugares, personalidades e mistérios soteropolitanos. Para ele, essa troca de saberes contribui para que a história de Salvador não seja apagada e nem jogada no esquecimento.

Passado-presente

Que a capital baiana mudou não é novidade. Mas não só ela. Os soteropolitanos também têm mudado em comportamento quando o assunto é conhecimento e história da própria cidade. Adson acredita que a tecnologia tem contribuído, já que muitos grupos estão compartilhando e contando fatos de Salvador.

"Eu acho que Salvador ganhou muito em termos de conhecimento da sua própria cidade, mesmo com a questão dos livros didáticos. Ganhou muito com o advento da tecnologia, muitos grupos estão surgindo, as pessoas estão tomando posse da sua história e passaram a ter uma visão mais crítica", refletiu.

Centro Histórico de Salvador (Foto: Reprodução/Salvador Tem Muitas Histórias)

Mas, se há resgate do passado, há também as marcas do presente nos 473 anos de história de Salvador. Com processos de privatizações abertos e leilões de prédios históricos, o professor acredita que existem dois pontos que devem ser analisados.

"Vai privatizar desde que tenha critérios de valorização. Todo esse patrimônio, antes de pertencer ao estado, ao município, ele é nosso. Ele tem que ter um ganho para nós, moradores da cidade. Não adianta privatizar e parte da população não ter acesso", ponderou.

Mistério do Planeta

Mas, como soteropolitano, Adson sabe bem o que é viver Salvador. "Deliciosamente misteriosa", disse ao ser perguntado sobre como definiria a cidade. Para ele, nem os mais céticos conseguem se encobrir dos encantos da primeira capital do país. Está no misticismo, na ancestralidade, e pulsa forte nos quatros cantos.

"Salvador tem aquela coisa misteriosa, que está no ar, até para aqueles que são mais céticos. Há algo bom, há algo mágico nessa cidade. Tem essa coisa do misticismo, da nossa ancestralidade africana, que pulsa muito forte, não apenas para aquelas pessoas que professam a matriz africana", disse com carinho.

"Temos as primeiras igrejas, ruas... o Brasil nasceu aqui em termos de cidade", afirmou.

Entre tantos mistérios, as histórias se perdem na História. São 473 anos e incontáveis memórias. E, claro, não poderia faltar o que tem de melhor no 'Salvador Tem Muitas Histórias": os fatos do passado.

Sabia dessa?

Ao iBahia, Adson Brito contou fatos curiosos de Salvador que muitos não conhecem ou costumam confundir. Primeiro, sobre o padroeiro da cidade. Há quem acredite que o padroeiro de Salvador é o Senhor do Bonfim. Mas, apesar da popularidade, o padroeiro da capital baiana é São Francisco Xavier.

Adson explicou que o santo espanhol é padroeiro da cidade desde 1686. Depois que Salvador passou por uma terrível epidemia de cólera, com a Santa Casa da Misericórdia já sem leitos para os doentes, os fiéis foram às ruas convocar o São Francisco Xavier.

Reza a história, que foi ele o responsável por livrar os soteropolitanos do sofrimento. Hoje, a imagem dele está na Catedral Basílica no Terreiro de Jesus.

Imagem de São Francisco Xavier na Catedral Basílica no Terreiro de Jesus (Foto: Acervo Pessoal)

E, na cidade com mais de 300 igrejas, qual seria a primeira da Bahia? De acordo com Adson, a Igreja de Nossa Senhora da Graça é a mais antiga e rivaliza, segundo o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), com as igrejas da antiga Sé e a igreja da Vitória.

Mas, para a maioria dos estudiosos e historiadores, a Igreja de Nossa Senhora da Graça é a primeira da Bahia, nascida antes mesmo da cidade Salvador, já que data de 1535, 14 anos antes da fundação oficial.

Igreja de Nossa Senhora da Graça (Foto: Acervo Pessoal)

Futuro

Agora, Adson Brito pretende dar continuidade ao projeto, expandindo-o para os palcos com a peça de teatro "A Mulher de Roxo", que conta a história de algumas personalidades baianas.

"Eu pretendo continuar com o projeto e também queria fazer uma gincana entre os bairros, falando sobre os monumentos históricos e as histórias da nossa cidade. Quero movimentar a cidade nesse sentido", revelou.

Quanto ao futuro de Salvador, Adson se vê esperançoso. "Eu sou uma pessoa de esperança, de fé. Acredito que melhores dias melhores virão", finalizou.

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*Reportagem sob supervisão da coordenadora Danutta Rodrigues

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