São aproximadamente 230 metros de medo e tensão para quem atravessa a passarela montada entre a Unijorge e centros comercias na Avenida Paralela. Não há horário específico. Seja durante o dia ou noite, quem cruza a passarela anda com o coração a mil, passos largos e olhos bem atentos a menor aproximação de estranhos.Na noite de terça-feira (22), o policial militar Arisvaldo das Neves Santana, 47 anos, foi morto no local durante uma tentativa de assalto. Arisvaldo sacou a arma, mas foi baleado na região do tórax e embaixo da axila. Ele conseguiu atirar no assaltante, mas o suspeito conseguiu pular da passarela, entrar em um carro - que era dirigido por um comparsa e fugir.
“Quando alguém passa de bicicleta meu coração gela. Isso porque na maioria dos assaltos, os ladrões estão de bicicleta para facilitar a fuga”, disse a estudante Renata Vieira, 20, aluna do 4º semestre do curso de Relações Internacionais da Unijorge. Ela, que mora em Camaçari, atravessa todos os dias a passarela sempre acompanhada de alguém. “É muito arrisco”, disse ela, ao lado do colega de sala dela, Mateus Soares, 20, que a acompanhava.O estudante de biologia da Unijorge Vanilson Oliveira, 25, que mora em Vila de Abrantes, disse que a ação dos bandidos é constante. “ São assaltos, furtos, sempre praticados por mais de uma pessoa. Todo mundo anda tenso. A gente sempre procurar não andar só, mas nem isso está adiantando”, disse o rapaz, fazendo referência à morte do policial, que caminhava pela passarela acompanhando da mulher e sobrinho.Na manhã desta terça-feira (22), havia três policiais militares caminhando pela passarela. “Há uns dois anos o policiamento na passarela era diário. Depois acabou e policiais só aparecem aqui de vez em quando. Hoje, só estão aqui por causa do que aconteceu ontem”, disse a estudante do 4º semestre de jornalismo da Unijorge, Karine Costas, 19. Para ela, tanto faz o dia, como à noite, é preciso mais policiamento. “Pela manhã, por volta das 10h, a passarela fica deserta, um risco para qualquer, mesmo acompanhado”, declarou a aluna.Vítor Lago, 17, aluno do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira, em São Marcos, disse que já testemunhou a ação de bandidos. “Só vi o cara puxando a bolsa da menina, que acabou caindo, e correndo para o outro lado, onde estão os centros comerciais”, contou. A namorada de Vítor e também aluna do Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira, Ana Carla Nascimento, 19, disse que, quando há policiamento, uma raridade, os PMs ficam concentrados mais próximos ao lado dos centros comerciais. “Aí, que vem do outro lado, vira alvo fácil porque a passarela é muito extensa e daqui que a polícia perceba, a gente já foi assaltada e o bandido fugido”, pontuou.Trabalhando há cerca de três anos nas imediações da passarela, o chaveiro Magno Serra, 31, disse que os bandidos têm preferência por abordar as vítimas no meio da passarela. “Geralmente é quando as pessoas estão mais distraídas e aí eles dão o bote”, relatou.Entenda o casoO cabo da Polícia Militar Arivaldo das Neves Santana, 47 anos, foi morto em frente à Unijorge na noite desta segunda-feira (21), após reagir a uma tentativa de assalto. Segundo o major César Castro, da 82ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/CAB), Arivaldo estava saindo com a esposa, que estuda na faculdade, quando foi abordado por dois homens na passarela localizada em frente à instituição.
"Ele reagiu ao assalto, houve troca de tiros e ele veio a óbito”, contou o major. A esposa do policial não foi atingida pelos disparos. O estudante Marlon Figueiredo também foi atingido pelos disparos e foi encaminhado para o Hospital do São Jorge.A Unijorge enviou à imprensa nota de pesar pela morte do PM, aluno da universidade. Além disso, falou sobre a solicitação de "intensificação do policiamento no entorno dos nossos campi à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia".Confira a nota na íntegra:"Recebemos com pesar a notícia do falecimento do nosso aluno Arivaldo das Neves Santana, estudante do curso de Arquitetura, ocorrido num trágico episódio na noite desta segunda-feira, dia 21 de setembro, na avenida Paralela. Neste momento de tristeza, a diretoria e o corpo docente da Unijorge expressam seus sentimentos aos familiares e amigos, bem como a todo o corpo discente, solidarizando-se e oferecendo todo o apoio.Sabemos que a efetividade das ações referentes à Segurança Pública é codependente de várias esferas da sociedade (sendo uma delas a Educação) e que este tema envolve aspectos complexos que vão da repressão qualificada à prevenção social do crime. Diante deste cenário e visando a segurança de nossos alunos e colaboradores, informamos que estamos reiterando nossa solicitação de intensificação do policiamento no entorno dos nossos campi à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, reconhecendo seus esforços significativos e preocupação legítima com a integridade dos cidadãos baianos."
(Foto: Evandro Veiga/ Arquivo CORREIO) |
Viaturas e ambulâncias próximos ao local do crime (Foto: Reprodução/YouTube) |
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