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Aposentados se enrolam com o consignado na Bahia: 1,5 milhão de contratos

Só no mês de julho, mais de 44 mil aposentados comprometeram parte do orçamento com prestações de empréstimo

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16/09/2011 às 8:23 • Atualizada em 31/08/2022 às 5:45 - há XX semanas
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Seja para reformar a casa ou fazer a festa de 15 anos dos netos. Na hora que o bolso aperta e o salário já não dá mais para nada, aposentados e pensionistas não hesitam em pegar o empréstimo consignado, aquele com desconto em folha. Para se ter uma ideia, o número de contratos ativos na Bahia é de 1.518.906, quase o mesmo do total de segurados do INSS no estado, 1.581.547. Só no mês de julho, mais de 44 mil aposentados comprometeram parte do orçamento com prestações de empréstimo. O número coloca o estado em primeiro lugar no ranking nordestino de aposentados que recorrem ao consignado. Nacionalmente, a Bahia ocupa a quinta posição, perdendo para São Paulo, Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Aposentados como Rosane Sales, 66 anos, engrossam a estatística. Três mil reais foi quanto ela pegou de empréstimo em 2008. O dinheiro, conta, foi usado para pagar a sua faculdade de Turismo. O curso já terminou. Já as prestações da dívida ainda vão perdurar por um bom tempo. “Tinha dividido em 60 vezes, mas depois renegociei e agora não sei mais quando vou terminar de pagar”, afirma. De acordo com Rosane, depois que pegou o primeiro empréstimo, ela nunca mais conseguiu se reerguer financeiramente. “É a pior miséria. A gente vai acumulando as dívidas e vira uma bola de neve”. Mesmo assim, ela diz que não havia outra saída. “Nosso salário não dá para nada. Aí nós precisamos tomar dinheiro para ajudar a família e bancar outras despesas pessoais”. Aposentada há 13 anos, Amélia Rodrigues, 68, também não pensa duas vezes quando precisa recorrer ao consignado. A última vez, lembra, pegou um empréstimo de quase R$ 5 mil, para montar um ateliê de arte em casa. Mas garante: nunca atrasou uma prestação. “Não gosto de ficar devendo. Procuro sempre honrar meus compromissos em dias”. Para isso, ela não compromete mais que R$ 200 da sua renda, que gira em torno de dois salários mínimos (R$ 1.090). Outra dica, segundo ela, é se informar sobre as condições do contrato. “Para não cair em armadilhas”.
CuidadosE se informar, de fato, é um dos principais cuidados que devem ser tomados pelos aposentados antes de contratar um empréstimo. O que, na prática, nem sempre acontece, segundo o orientador financeiro da Casa dos Aposentados (Asaprev-BA), Felipe Gargur. De acordo com ele, é comum os segurados recorrerem à entidade para resolver problema com bancos e financeiras que não explicaram claramente as condições previstas no contrato para concessão do consignado. “Pelo menos duas pessoas por dia vêm aqui na Casa dos Aposentados alegando que fo ram enganadas ao fazer um empréstimo”, destaca. Para evitar essa situação, orienta, o ideal é ficar atento a cada linha do contrato. E se informar, principalmente, sobre as taxas de juros que estão sendo praticadas. Além disso, Gargur destaca: consignado só em caso de extrema necessidade. “Nada de pegar dinheiro para supérfluo”, orienta. “Tem gente que pega empréstimo, por exemplo, para pagar festa de 15 anos de neto. Isso não é necessário. Nesse caso, a pessoa precisa se programar com antecedência”, justifica. Para Gargur, o alto índice de aposentados endividados com consignados no país se explica, principalmente, pela facilidade na concessão dos empréstimos. Os parcelamentos que ultrapassam os 60 meses também são grandes atrativos para a categoria. Segundo ele, os financiamentos mais altos são os mais contratados e a média de valor retirado é de R$ 5 mil. “As financeiras não informam do risco de se contrair uma dívida por tanto tempo. Então qualquer sufoco, eles recorrem a essa opção. Hoje, eu diria que é uma raridade encontrar aposentado que nunca pegou empréstimo”.

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