Cirurgia feita por Angelina Jolie ainda é pouco indicada na Bahia

Segundo a mastologista Conceição Fraga Neves, do Centro de Hematologia e Oncologia da Bahia, a cirurgia de mastectomia preventiva ainda é recente na Bahia. “Indicamos com bastante parcimônia já que, querendo ou não, é um procedimento cirúrgico e pode ter complicações. Não é como tomar uma pílula”, afirma Conceição. Para a médica, a cirurgia tem efeito comprovado em pacientes com histórico familiar importante ou para quem, assim como Angelina Jolie, é portadora do gene BRCA1 ou BRCA2. “Anular a chance de ter a doença não anula, mas reduz as chances de 90% a 95%. As técnicas variam, porque a cirurgia pode deixar mais ou menos do tecido mamário”, diz a especialista. Como a chance de Angelina ter câncer de ovário também é grande (50%), a médica acredita que a atriz deve fazer a histerectomia total, que consiste na retirada dos ovários e trompas. “Existem estudos que mostram o benefício dessa cirurgia, mas temos que lembrar que é um procedimento ainda maior”, pondera Conceição. Para a paciente identificar se é portadora dos genes defeituosos, é necessário fazer análise genética. Em Salvador, um grupo da Ufba realiza os estudos sem custos. “Mas os resultados demoram”, diz a médica, que defende a quimioterapia como forma de prevenção. “Usamos com mais liberdade a químio feita à base de remédios. Temos que dar opções ao paciente, que pode escolher pela cirurgia, pela quimioterapia ou por um acompanhamento médico rigoroso”, pontua. “Há pacientes cancerofóbicas e com essas temos que ter cuidado”, encerra Conceição, que indica o procedimento para mulheres acima dos 35 anos, já que a mulher não poderá mais amamentar. Decisão corajosaConhecida por sua sensualidade, a atriz Angelina Jolie, 37 anos, surpreendeu o mundo, ontem, ao anunciar em artigo publicado no jornal The New York Times que realizou uma dupla mastectomia preventiva, cirurgia para retirada dos seios. A decisão foi tomada após um exame genético indicar que Angelina tem o gene “defeituoso” BRCA1. Os médicos disseram que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama e 50% de ter um câncer no ovário. “Minha mãe lutou contra o câncer por quase uma década e morreu aos 56”, contou a atriz no começo do texto. “Ela viveu o suficiente para conhecer seus primeiros netos e segurá-los nos braços. Mas minhas outras crianças nunca terão a chance de conhecê-la e sentir quão amável e graciosa ela era”, continuou. Ainda no artigo, a atriz descreveu em detalhes os procedimentos pelos quais passou. “Meu processo começou em 2 de fevereiro, com um procedimento conhecido como ‘nipple delay’, escreveu ela, “que impede o surgimento da doença nos dutos mamários por trás do mamilo e leva mais sangue para a área”. A seguir, Angelina descreveu a realização de uma grande cirurgia, duas semanas mais tarde, quando o tecido da mama foi removido. CirurgiaSegundo a atriz, a sensação foi “como uma cena de um filme de ficção científica”. Nove semanas mais tarde, ela passou por uma cirurgia para reconstruir as mamas e receber implantes de silicone. Como é uma das estrelas mais vigiadas do mundo, manteve a rotina para guardar segredo sobre o procedimento. A atriz não só continuou se dedicando à família como seguiu com suas viagens pelo mundo com fins humanitários. Para se ter ideia: menos de um mês depois da retirar os seios, ela viajou para a República do Congo para chamar atenção para os casos de estupro em zonas de guerra. Como era de se esperar, a notícia teve bastante repercussão entre os famosos. O primeiro a se manifestar foi o marido, Brad Pitt. “Tudo que quero é que ela tenha uma vida longa e saudável, comigo e com nossos filhos. Este é um dia feliz para a nossa família”, afirmou Pitt. “A decisão, como outras, é absolutamente heroica”, completou o ator. “Eu elogio Angelina Jolie por sua coragem e consideração em compartilhar sua história de mastectomia. Tão valente”, postou no Twitter a cantora Sheryl Crow, diagnosticada com câncer de mama em 2006. Rita LeeAssim como Angelina, outras celebridades já se submeteram à mastectomia. Em novembro do ano passado, Sharon Osbourne, mulher do cantor Ozzy Osbourne, fez a cirurgia dez anos depois de descobrir que carregava um gene cancerígeno que aumentava o risco de desenvolver um câncer de mama. Em 2008, a atriz Christina Applegate também passou pela dupla mastectomia antes de necessitar fazer quimioterapia. No Brasil, a atriz Patrícia Pillar e a cantora Rita Lee são algumas das personalidades que já realizaram o procedimento. Patrícia fez a dupla mastectomia após ser diagnosticada com câncer de mama em 2001. A atriz continuou o tratamento com sessões de quimioterapia. Já Rita Lee, assim como Jolie, fez a dupla mastectomia preventiva em 2010. A mãe da cantora morreu de câncer e o risco dela desenvolver a doença era grande. “Prefiro ficar sem peitos e tranquila a ficar com eles e paranoica”, contou Rita, que optou por não reconstituir as mamas. Matéria original: Correio 24h Cirurgia feita por Angelina Jolie ainda é pouco indicada na Bahia, diz médica